Évora: «Problemática da desertificação humana do Alentejo é muito grave» – D. Francisco Senra Coelho

Arcebispo comenta resultados preliminares dos Censos 2021

Évora, 11 ago 2021 (Ecclesia) – O arcebispo de Évora alertou para as consequências da desertificação no Alentejo, comentando a quebra demográfica registada pelos resultados preliminares dos Censos 2021.

“A problemática da desertificação humana do Alentejo é muito grave e cruza-se com a Encíclica ‘Laudato Si'”, referiu D. Francisco Senra Coelho, em entrevista publicada hoje pelo semanário diocesano ‘a defesa’ e enviada à Agência ECCLESIA.

O responsável católico entende que “uma terra despovoada, sem a presença humana, é uma terra abandonada”.

A segunda parte desta entrevista, no final do ano pastoral, vai ser emitida no próximo domingo pelo programa de Rádio “Ser Igreja”, produzido pelo Departamento de Comunicação da Arquidiocese de Évora.

Segundo os dados divulgados pelo INE, nos últimos 10 anos o Alentejo teve uma quebra de população da ordem dos 6,9%.

D. Francisco Senra Coelho questiona opções políticas que levam a encerrar escolas ou centros de saúde, por exemplo, considerando que cada uma destas perdas “empobrece a região”.

“Uma política que marca o seu atuar por estes gestos não pode dizer que quer promover a renovação da população”, referiu.

O arcebispo de Évora defende a criação de condições académicas e de trabalho para fixar as novas gerações na região, referindo que “é necessário discriminar pela positiva o Alentejo”, uma valorização das regiões para que “Portugal se consolide num só”.

“A interioridade gera situações que não nos dão as mesmas possibilidades de quem vive no litoral desenvolvido, onde tudo é próximo e acessível”, precisa.

Como é que se consegue travar a diminuição da população quando os jovens partem e não há renovação das gerações?”

A entrevista aborda o impacto do Alqueva na agricultura e a chegada de trabalhadores imigrantes.

“São pessoas inseridas em grupos recrutados por empresas que se improvisam, para fazer o transporte, com diversas ações de subcontratação, em que no final aquele que aqui chega é o último elo de uma corrente, sendo o que mais sofre”, adverte.

D. Francisco Senra Coelho realça que a Igreja Católica “acompanha a população”.

“A Igreja é o povo alentejano e ribatejano. A Igreja está, acompanha e sente este povo e traz esta palavra, esta voz dos que não têm voz.  Que o Alentejo seja olhado e visto com atenção e com cuidado”, conclui.

OC

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Agência ECCLESIA

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