Évora: Presidente da Cáritas alerta para «momentos dramáticos» que vivem instituições sociais

Responsáveis da Arquidiocese e das IPSS regionais deixam apelos a responsáveis políticos

Foto: Agência ECCLESIA

Évora, 13 jan 2022 (Ecclesia) – O diácono Luís Rodrigues, presidente da Cáritas Arquidiocesana de Évora, disse hoje em conferência de imprensa que as instituições da área social na região “vivem momentos dramáticos”.

O responsável, ligado às direções de dois centros sociais paroquiais, com valências de idosos, advertiu em particular para o aumento das despesas com pessoal, os impactos da pandemia e da inflação.

“Tudo aumenta e a receita mantém-se ou até sofre reduções”, face às dificuldades dos próprios utentes e suas famílias, realçou.

O presidente da Cáritas Arquidiocesana de Évora questionou a ausência do Estado, que se apresenta como “parceiro” mas atua como uma “tutela exigente e até castigadora” perante instituições que vão “definhando cada vez mais”.

Segundo o diácono Luís Rodrigues, as populações vivem situações de dificuldade “gritantes” no “Alentejo profundo”, desafiando os políticos para que “cumpram o que prometem na campanha” e respondam às necessidades de uma população “idosa, doente, com falta de recursos”.

Tiago Abalroado, presidente da UDIPSS-Évora – União Distrital das Instituições Particulares de Solidariedade Social, sustentou por sua vez que a causa social deve ser encarada como uma causa de “todos”, realçando o “papel preponderante das IPSS”.

“Não podemos encarar este setor como um setor de importância menor”, observou.

O responsável contestou a tentação de “relativizar” o impacto das IPSS na vida social, recordando que este setor “todos os dias garante necessidades básicas dos cidadãos” e esteve na “primeira linha” do combate à pandemia.

“Queremos que, de facto, a relação entre Estado e Instituições seja cada vez mais uma relação horizontal, ao mesmo nível, para servir as populações”, prosseguiu.

O presidente da UDIPSS-Évora falou do “subfinanciamento” que se mantém, apesar da declaração de intenções assumidas no novo pacto de cooperação, sustentando que o Estado deve “acompanhar a estrutura de custos” e “passar das intenções à prática”.

O responsável afirmou ainda que as IPSS atravessam um dos “períodos mais críticos”, face à dificuldade em recrutar pessoas, rejeitando o “mito” dos salários baixos, com valores acima do que o Estado paga, na função pública.

“Isto deve-se ao desprestígio que o setor muitas vezes tem, na sociedade”, assinalou.

Foto: Agência ECCLESIA

A conferência de imprensa teve como primeiro interveniente o cónego Silvestre Marques, diretor do Departamento Sócio-Caritativo da Arquidiocese de Évora, que justificou o encontro com os jornalistas pela necessidade de trazer esta temática para o “momento de reflexão” que se vive no país, a caminho das legislativas.

O sacerdote aludiu a uma situação “verdadeiramente crítica” e pediu atenção para o que designou como “atentados à dignidade humana”.

“Há muita gente que chega ao fim do mês sem dinheiro” para as necessidades básicas, acrescentou.

O responsável da Arquidiocese de Évora desejou que os responsáveis políticos respondam aos desafios lançados pelo Papa Francisco e pela Conferência Episcopal Portuguesa, sublinhando a necessidade de falar com “honestidade” aos eleitores.

OC

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