Presidente da República Portuguesa destacou a «imensa mais-valia» histórica, cultural e espiritual destes percursos
Évora, 05 mai 2018 (Ecclesia) – O presidente da República Portuguesa inaugurou esta sexta-feira em Évora um novo percurso do ‘Caminho de Santiago’, a Via Portugal Nascente.
Em declarações enviadas à Agência ECCLESIA pelo jornal ‘A Defesa’, da Arquidiocese de Évora, Marcelo Rebelo de Sousa, que percorreu como “peregrino” alguns quilómetros desta nova rota, destacou um caminho que “vale a pena continuar a fazer”, pela sua “imensa mais-valia”.
“São caminhos que recuperam a História, o passado, a tradição, a cultura. Ao mesmo tempo projetam o conhecimento de Portugal, do Portugal interior, de um daqueles Portugais de que se fala menos”, salientou aquele responsável.
Este novo percurso português de peregrinação até Santiago de Compostela (Espanha) é composto por 19 etapas, numa extensão de 390 quilómetros.
Tem o seu início em Tavira, no Algarve, e passa depois pelo concelho de Estremoz, nomeadamente por Évora Monte, Estremoz e São Bento do Cortiço, seguindo posteriormente por Santo Amaro (Fronteira) até Trancoso.
“É um caminho que põe em ligação o cristianismo, uma vez que para trás passará por Mértola, com o mundo islâmico, e à frente por Belmonte, com a cultura judaica. Isto é Portugal no que tem de melhor, de ponte entre religiões, culturas, civilizações. Algumas vezes não estivemos à altura desse desafio, muitas vezes estivemos”, referiu Marcelo Rebelo de Sousa.
Durante a iniciativa de apresentação da Via Portugal Nascente, na igreja do Salvador, na Arquidiocese de Évora, o presidente da República Portuguesa recebeu um bordão de peregrino, que utilizou depois quando “estreou” a nova rota, acompanhado pelas comunidades e também pelo arcebispo de Évora, D. José Alves, e pelo presidente da autarquia local, Carlos Pinto Sá.
“Todos somos peregrinos na nossa vida, para metas diferentes mas somos. E o presidente não é exceção, é peregrino, sabe como começa a função, o que o espera, não sabe como é que lá vai, e encontra muitas surpresas, muito inesperado ao longo da vida”, apontou Marcelo Rebelo de Sousa, que sustentou que “os caminhos espirituais são sempre mais difíceis que os caminhos físicos”.
“Nos caminhos físicos é possível parar, é possível descansar, medir o ritmo. Em termos espirituais, no tempo que se vive, ninguém sabe o que nos aguarda, num momento em que estamos em ligação com todo o mundo. A parte espiritual do caminho é sempre mais difícil, mais desafiante”, completou o presidente da República.
Na Sé de Évora, D. José Alves celebrou uma cerimónia de bênção dos peregrinos, com a participação de Marcelo Rebelo de Sousa.
O presidente da Câmara Municipal de Évora sublinhou a importância de inaugurar este novo ‘Caminho de Santiago’, numa cidade que “é património mundial da humanidade” e indo ao encontro da “aposta” que tem sido feita na recuperação do património na região, “de modo a poder valorizar Évora, a região e o país”.
“E este é um património histórico, que atravessa não apenas Portugal mas vários países da Europa, que esteve esquecido durante muito tempo, nomeadamente estes caminhos aqui em Portugal, e esta recuperação significa que há agora uma atenção diferente”, disse Carlos Pinto de Sá.
Aquele autarca lembrou ainda que “o Caminho de Santiago não é percorrido apenas por motivos religiosos, há muitos outros que o fazem por outros motivos, desde por questões de ordem cultural até às questões ambientais e até mesmo apenas para desfrutar da natureza”.
Foi ao fim da tarde desta sexta-feira, que Marcelo Rebelo de Sousa iniciou simbolicamente durante cerca de dois quilómetros o transporte até Trancoso de uma réplica do bordão de Santa Isabel, realizada pelas mãos do artesão Perfeito Neves de Estremoz.
Este símbolo de peregrinação vai continuar a passar de mão em mão entre representantes dos diversos pontos deste caminho, prevendo-se que a chegada a Trancoso aconteça no dia 20 de maio.
JCP