«Por onde passava ele transmitia a sua alegria e cativava a atenção das pessoas», realça o atual bispo emérito
Évora, 20 mar 2019 (Ecclesia) – O arcebispo emérito de Évora, D. José Alves, disse hoje que com a morte de D. Maurílio de Gouveia desaparece um homem que “deixou no Alentejo marcas indeléveis em muitos setores pastorais”.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, D. José Alves manifesta a sua “consternação” pelo falecimento de D. Maurílio de Gouveia, a quem sucedeu à frente dos destinos da Diocese de Évora em 2008, depois de mais de 25 anos de ministério.
“Foi ele que me ordenou bispo, portanto estou umbilicalmente ligado a D. Maurílio”, salienta D. José Alves, que recorda a preocupação do seu antecessor com o trabalho de “evangelização”, a forma como ele “vivia as visitas pastorais, com extraordinária alegria e entusiasmo cristão”, e a sua dedicação às “famílias” e aos “jovens”
“Ele gostava imenso do contacto direto com as populações e por onde passava transmitia a sua alegria e cativava a atenção das pessoas”, realça o atual arcebispo emérito eborense, que enaltece ainda a forma como D. Maurílio de Gouveia “reformou várias estruturas diocesanas”.
Numa “diocese difícil”, pontuada por “condições precárias a vários níveis”, D. Maurílio de Gouveia apostou na “formação de grupos” e de “leigos” capazes de se dedicarem ao serviço da Igreja Católica no território.
“De facto, houve uma grande evolução e tudo tinha a marca dele. Ele foi um verdadeiro pastor”, frisa D. José Alves, que acompanhou de forma próxima os últimos momentos da vida do seu antecessor.
“Impressionou-me muito a serenidade, a paz de espírito, a esperança e a fé com que ele estava a viver esta última etapa da sua vida”, confidencia.
D. Maurílio de Gouveia, arcebispo emérito de Évora, faleceu na tarde desta terça-feira no Eremitério de Maria Serena, em Gaula (Concelho de Santa Cruz), na Diocese do Funchal, com 86 anos de idade, na sequência de uma doença prolongada.
D. Maurílio Jorge Quintal de Gouveia, filho de Aires Romão Freitas Gouveia e de Matilde Maria Quintal de Gouveia, nasceu a 5 de agosto de 1932 em Santa Luzia, no Funchal; cumpriu a sua etapa vocacional no Seminário Diocesano do Funchal e foi ordenado sacerdote a 4 de junho de 1955.
Aos 22 anos seguiu para Roma, para prosseguir os seus estudos, e formou-se em Teologia Dogmática na Pontifícia Universidade Gregoriana, tendo tirado também uma pós-graduação em Teologia Pastoral, na Pontifícia Universidade Lateranense.
A 26 de novembro de 1973, aos 41 anos, D. Maurílio de Gouveia recebeu a sua nomeação episcopal, como bispo titular de Sabiona e bispo auxiliar de Lisboa, através do Papa Paulo VI; Quatro anos mais tarde, a 21 de maio de 1978, foi nomeado arcebispo titular de Mitilene, e a 17 de outubro de 1981, aos 49 anos de idade, como arcebispo de Évora.
A tomada de posse como arcebispo de Évora aconteceria três meses mais tarde, a 8 de dezembro de 1981, no dia da festa da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria, padroeira principal de Portugal e da Arquidiocese de Évora.
Em 2007, por ter atingidos os 75 anos, idade limite para o desempenho da missão episcopal, segundo a lei canónica, D. Maurílio de Gouveia apresentou ao então Papa Bento XVI a sua resignação ao cargo de arcebispo de Évora, sendo sucedido por D. José Alves em 2008.
PR/JCP