D. José Alves presidiu a missa que antecedeu tumulação na igreja do Espírito Santo
Évora, 12 nov 2012 (Ecclesia) – D. David de Sousa, arcebispo de Évora de 1965 a 1981, serviu a arquidiocese com “amor e dedicação, em tempos difíceis quer a nível eclesial quer a nível social e político”, afirmou este sábado o atual prelado eborense.
A tumulação do antigo arcebispo na igreja do Espírito Santo, em Évora, realizada depois da celebração de uma missa, é a “justa homenagem” a uma personalidade que conduziu a arquidiocese eborense “numa época de grande agitação eclesial e de forte convulsão social e política”, disse D. José Alves na homilia, enviada hoje à Agência ECCLESIA.
Após o Concílio Vaticano II (1962-1965), “a par do entusiasmo da renovação também se desencadeou, no interior da Igreja, um clima de agitação que causou estragos nas fileiras do clero e nas fileiras do laicado cristão, pela deserção de muitos que se tornaram militantes de outros credos”, assinalou D. José Alves.
A passagem para o regime democrático ocorrida em Portugal na sequência da revolução de 25 de abril de 1974, “com a consequente convulsão social e política que se desencadeou em todo o país e, particularmente na região alentejana, foi causa de grande sofrimento para o prelado eborense, que chegou a ser humilhado em público e se tornou testemunha das injustiças praticadas e das dificuldades por que passaram alguns membros do clero e muitos cristãos”, acrescentou.
Depois de apontar algumas das ações que notabilizaram a ação do seu antecessor, D. José Alves sublinhou que o “exemplo de vida” foi “o maior monumento” deixado à arquidiocese por D. David de Sousa, religioso franciscano ordenado bispo em 1957 para servir a Diocese do Funchal, de onde transitou para Évora.
“D. David deixou-nos um luminoso exemplo de vida dedicada ao estudo da Sagrada Escritura, à oração e ao ministério apostólico” e “nutria particular zelo pelos sacerdotes que todos os anos visitava nas suas próprias residências”, referiu.
O antigo arcebispo foi sepultado no Cemitério dos Remédios, em Évora, após a sua morte ocorrida em Lisboa a 5 de fevereiro de 2006, até que fosse encontrada “uma solução definitiva”, lembrou D. José Alves.
“Finalmente chegámos a esta solução que consideramos digna e apropriada não só pelas condições especiais desta bela igreja do Espírito Santo”, onde se encontra “o cenotáfio do primeiro Arcebispo de Évora, o Cardeal Infante D. Henrique”, acrescentou.
D. José Alves recordou que manteve “sempre” uma “ligação espiritual” “muito profunda” com D. David de Sousa.
“Foi pela imposição das suas mãos que recebi o dom do sacerdócio, a 3 de julho de 1966, na Sé de Évora. E foi também ele que ao longo dos quase 16 anos que pastoreou a grei eborense me confiou as missões pastorais por mim assumidas nesse espaço de tempo”, recordou.
O atual arcebispo referiu-se a D. David de Sousa como “homem pacífico e humilde, imbuído de espírito franciscano”, que “cultivou a humildade, a simplicidade e o desprendimento dos bens materiais”, ao mesmo tempo que “tudo aceitou e viveu no silêncio e na intimidade da oração”.
A missa foi concelebrada por D. Maurílio Gouveia, arcebispo emérito de Évora e natural do Funchal.
RJM