Évora acompanhou Procissão do Enterro do Senhor

«O rosto do pobre é o rosto de Jesus» Na noite de sexta-feira santa, as ruas de Évora encheram-se de largas centenas de pessoas que quiseram participar na tradicional procissão do enterro do Senhor, organizada pela Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Évora. Desde a igreja do Calvário até à igreja da Misericórdia foram também centenas de pessoas que nas esquinas ou debaixo dos arcos marcaram presença, apesar do vento frio que se fazia sentir. Já na igreja da Misericórdia, aconteceu a tumulação do Senhor, seguida de sermão pelo Arcebispo de Évora, D. José Alves, que presidiu à procissão. “Jesus morreu e foi sepultado. Tudo parecia ter acabado. Tão normal, tão igual a toda a gente. Chega a hora e todos são sepultados”, apontou o Arcebispo, interrogando os presentes, “mas se era igual a todos – pergunto-me – porque razão estamos nos hoje aqui?”. “O funeral verdadeiro de Jesus, em Jerusalém teve pouca gente. Hoje aqui somos uma multidão. Que viemos fazer aqui. Recordar um morto? Participar num acto cultural? Numa tradição? Cumprir um rito? – questionou D. José Alves, respondendo de seguida, “nós viemos, mas não foi apenas porque Ele tivesse sido sepultado. Estamos aqui hoje porque afinal, o sepulcro ficara vazio. Aquele que o soldado trespassou, o que foi sepultado, ao terceiro dia ressuscitou e continua vivo no meio de nós. Esta é a verdadeira razão porque estamos aqui hoje. Jesus continua vivo. E esta procissão de hoje é uma evocação da morte da Jesus, mas é também um acto de fé”. Contudo, D. José Alves alertou para o facto da paixão de Jesus ser actual. “Afinal, Jesus continua na paixão porque Ele o dissera: o que acontece nos meus irmãos acontece comigo, porque estou no meio de vos, no pobre, no explorado, no enganado”, apontou, esclarecendo que “o rosto do pobre é o rosto de Jesus. O rosto das crianças que os pais não querem é o rosto de Jesus. O rosto dos semabrigo é o rosto de Jesus. O rosto dos presos é o rosto de Jesus”. “Ao fazermos hoje esta procissão do enterro do Senhor, não viemos enterrar ninguém, viemos inquietar a nossa consciência para nos perguntarmos se afinal só comparecemos para sepultar os mortos ou se queremos cuidar dos vivos. Ele deu a vida e morreu para que os homens deste mundo não morressem de fome e frio. Ainda o mundo está longe”, referiu o Arcebispo de Évora. “Com Maria, a mãe de Jesus, estamos esta noite junto do túmulo, tristes, porque vemos o nosso mundo que é de solidão, abandono, pecado e miséria. Com Maria temos esperança e saímos daqui guiados por Ela, para que nos guie ao Jesus Ressuscitado”, concluiu.

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