Pobreza: Rede Europeia apresenta «Mapa Nacional de Vulnerabilidades Sociais» em Portugal e alerta para desigualdades territoriais persistentes
Estudo vai ser apresentado, dia 17 deste mês, no Porto.
Porto, 16 dez 2025 (Ecclesia) – A Rede Europeia Anti-Pobreza (EAPN – Portugal) apresenta, dia 17 deste mês, no Porto, o ‘Mapa Nacional de Vulnerabilidades Sociais’ onde alerta para as desigualdades territoriais “persistentes” e os fatores de “risco social” em Portugal.
O estudo resulta da análise de um conjunto de indicadores estatísticos organizados em cinco áreas fundamentais: “demografia e ciclos de vida, classes sociais, desemprego, acesso a serviços e habitação”, realça uma nota enviada à Agência ECCLESIA.
“Sem pretender esgotar a diversidade das dinâmicas locais, a metodologia permitiu identificar diferentes padrões de vulnerabilidade no território nacional, revelando contrastes significativos entre regiões”,
No plano demográfico destaca-se “a oposição entre um interior envelhecido e regiões mais jovens”, como os Açores ou parte do litoral Norte, refletindo “vulnerabilidades que vão do isolamento dos mais velhos às pressões habitacionais sobre famílias jovens”.
As classes sociais evidenciam também fortes assimetrias, com Lisboa, Setúbal e Faro a apresentarem condições socioeconómicas “mais favoráveis”, enquanto os Açores, o Alentejo e vários concelhos do interior permanecem associados “a baixos rendimentos e fraca qualificação”.
No desemprego, sobressaem fragilidades na Madeira, Alentejo e Algarve, marcadas pela sazonalidade laboral. Já no acesso a serviços, vários concelhos do Norte enfrentam “menor cobertura de infraestruturas essenciais”, enquanto na habitação se destacam “vulnerabilidades energéticas mais acentuadas nas Regiões Autónomas e no Norte continental, bem como dificuldades no acesso ao arrendamento apoiado”.
A iniciativa decorre no âmbito do seminário “Mapear Vulnerabilidades, Promover Inclusão: Estratégias para uma Sociedade Mais Equitativa e Coesa” e reúne investigadores, técnicos e decisores políticos.
O seminário realiza-se no Anfiteatro da Fundação Engenheiro António de Almeida, no Porto, entre as 09h30 e as 17h00, e insere-se na estratégia da EAPN Portugal de reforçar o debate público e político em torno de políticas de inclusão social mais eficazes e territorialmente ajustadas.
LFS
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Algumas conclusões Para a presidente da direção da EAPN Portugal, Maria Joaquina Madeira, “a persistência de desigualdades sociais, territoriais e de rendimento continua a desafiar a coesão social e a concretização dos direitos fundamentais”, e lembra que, apesar dos progressos recentes, “uma parte significativa da população permanece exposta a situações de pobreza e exclusão social”. A responsável destaca ainda os dados mais recentes do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento, divulgados pelo INE, que apontam para os melhores resultados de sempre na redução do risco de pobreza, mas alerta para a persistência de valores muito elevados entre grupos particularmente vulneráveis, como pessoas desempregadas, idosos que vivem sozinhos ou agregados monoparentais, sublinhando o impacto estrutural da pobreza infantil. Segundo Maria Joaquina Madeira, o ‘Mapa Nacional de Vulnerabilidades Sociais’ pretende ser “uma ferramenta para a ação pública”, chamando a atenção para a ausência de indicadores territorializados de pobreza, que gera “zonas de invisibilidade estatística, social e política” e dificulta a construção de políticas ajustadas às realidades locais. Neste contexto, realça o papel das Comunidades Intermunicipais como atores-chave na promoção de estratégias integradas de combate à pobreza e de reforço da coesão territorial. O seminário inclui três mesas redondas dedicadas ao combate à pobreza e à coesão social, ao papel das estatísticas na ação pública e às estratégias para a inclusão territorial, reforçando a importância de transformar conhecimento em políticas eficazes. “Promover a coesão territorial é promover justiça social”, conclui a presidente da EAPN Portugal, defendendo que o local onde se vive não pode continuar a determinar o acesso a direitos e oportunidades. |
