Igreja: Braga assinala 400 anos do martírio do beato Miguel de Carvalho
Braga, 22 ago 2024 (Ecclesia) – A Diocese de Braga vai assinalar, no próximo domingo, os 400 anos da morte do beato Miguel de Carvalho, com uma celebração eucarística e uma sessão comemorativa.
Nascido em Braga, o sacerdote jesuíta foi missionário e um dos 205 mártires do Japão, tendo sido queimado vivo na cidade de Omura, a 25 de agosto de 1624, informa o portal dos Jesuítas em Portugal, Ponto SJ.
As comemorações do IV Centenário do martírio do beato Miguel de Carvalho, cujo processo de canonização decorre na Santa Sé, vão dividir-se em dois momentos: o primeiro corresponde a uma Missa, na Sé Primaz de Braga, presidida às 11h30 pelo arcebispo D. José Cordeiro, e o segundo trata-se de uma sessão comemorativa, que acontece pelas 16h.
Neste período da tarde, a ação acontece no Museu dos Biscainhos, onde é abordado o tema “O beato Miguel de Carvalho no Museu dos Biscainhos: 400 anos do Martírio e 300 anos da Pintura do Teto do Salão Nobre (1624 e 1724)”.
A sessão comemorativa vai contar com uma apresentação do padre António Júlio Trigueiros, jesuíta e historiador, sobre “Miguel de Carvalho, um mártir bracarense no Japão dos Tokugawa”, a que se segue a leitura, feita por Mário Vilhena da Cunha, da Carta Manuscrita pelo jesuíta Miguel de Carvalho, e datada de 24 de agosto de 1624.
Além disso, a historiadora de arte Giuseppina Raggi vai falar sobre “A pintura de Manuel Furtado de Mendonça no salão nobre do Museu dos Biscainhos e o contexto da pintura de tetos em Portugal durante a primeira metade do século XVIII”.
Segundo o portal SJ, o evento contempla ainda a apresentação pública do Crucifixo Peitoral do Beato e um fac-símile da Carta Manuscrita, em exposição até 25 de outubro.
As comemorações são resultado de uma parceria entre a Arquidiocese de Braga, a Província Portuguesa da Companhia de Jesus, a Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais de Braga (Universidade Católica) e o Museu dos Biscainhos, visando assinalar os 400 anos do martírio do jesuíta bracarense e o 300 anos da monumental pintura do teto do salão nobre do Palácio dos Biscainhos, de 1724.
O beato Miguel Carvalho nasceu a 1577, em São João do Souto, no seio de uma família nobre e rica, e aos 20 anos pede para ser admitido na Companhia de Jesus, adianta o portal dos Jesuítas em Portugal
Passados cinco anos, partiu para o Oriente com um grupo de missionários, tendo terminado em Goa os estudos de teologia e ali sido ordenado sacerdote e continuado alguns anos como professor.
Com o desejo de ser missionário no Japão, Miguel Carvalho conseguiu integrar-se num grupo de viajantes e comerciantes, disfarçado de soldado, entrando assim no Japão.
Apesar de durante alguns anos ter conseguido iludir as autoridades, pregando o Evangelho secretamente, nos mais diversos lugares, acabou por ser descoberto e condenado a morrer pelo fogo.
Na véspera da morte, o sacerdote jesuíta escreveu uma carta, onde afirmava que em breve esperava “receber de Nosso Senhor” a “grande mercê de dar a vida por seu amor”, coisa que tanto desejava “que em nenhuma maneira” o poderia explicar.
“Por onde, com todo o afeto e amor de verdadeiro irmão, nesta me despeço de meu amantíssimo irmão Simão de Carvalho e de todos os mais irmãos e irmãs e mais parentes, e lhes encomendo se amem muito entre si e tenham grande paz e concórdia uns com os outros, ajudando-se em tudo o que puderem uns aos outros, que com isto os ajudará sempre e acrescentará o todo-poderoso Deus, a quem peço, pelos merecimentos de Cristo Jesus Nosso Redentor e Senhor, lhes lance a sua bênção e os acrescente e aumente no espiritual e no temporal a glória de sua divina Majestade, de sorte que nos vejamos todos em a glória, para nos gozarmos nela e em sua presença, amando-O para toda a eternidade”, lê-se na carta citada pelo Ponto SJ.
O sacerdote Jesuíta morre a 25 de Agosto de 1624, com 47 anos de idade e, mais de 200 anos depois, é beatificado por Pio IX em 1867; é candidato à Canonização, integrado num grupo de 205 mártires do Japão, sob o nome de “Beato Carlos Spínola e Companheiros Mártires”.
LJ/OC