Igreja: Associação Bíblica Portuguesa promove jornada sobre «Jesus, Filho de Deus. Verdade ou Blasfémia?»

Imagem: a partir do original Jesus salva São Pedro das águas (c. 1411), de Lluís Borrassà.

Lisboa, 07 out 2025 (Ecclesia) – As I Jornadas da Associação Bíblica Portuguesa, a realizar em formato online e presencial, nos dias 07 e 08 de novembro, têm como tema «Jesus, Filho de Deus. Verdade ou Blasfémia?».

A iniciativa, promovida pela revista «Brotéria» (publicação dos jesuítas) e a «Associação Bíblica Portuguesa» debruça-se sobre a figura do misterioso homem de Nazaré, lê-se numa nota enviada à Agência ECCLESIA.

Em diálogo, a escritora Lídia Jorge e D. Alexandre Palma, bispo auxiliar de Lisboa, dão o mote para a discussão com um painel intitulado “Do Nazareno ao Niceno”.

No sábado, quatro especialistas em Bíblia abordam a questão da identidade messiânica de Jesus, explorando as raízes judaicas do messianismo e os alvores da reflexão cristológica no corpus do Novo Testamento.

Assinalam-se este ano dezassete séculos do primeiro concílio ecuménico, reunido em Niceia (Iznik, na Turquia) no ano 325.

A efeméride é relevante na medida em que representa uma primeira tentativa de reunir consenso. Ainda que essa procura não tenha sido inteiramente bem-sucedida na pacificação das várias fações eclesiais, o atribulado século IV viu surgir, a partir de Niceia, uma reflexão cristológica reconhecida – ainda que paulatinamente – como normativa.

A tensão então vivida deveu-se, em grande parte, às disputas teológicas relativas à natureza de Cristo: a sua humanidade e divindade.

“Depois de 1700 anos, embora a questão não assuma os mesmos contornos, o paradoxo de a mesma pessoa ser totalmente diferente do homem e, simultaneamente, em tudo igual ao homem, exceto no pecado, continua a interrogar uma fé em busca da compreensão e a desafiar a razão a superar os seus limites”, refere.

LFS

PROGRAMA

7 novembro das 19h00 às 20h30 – Conversa entre Lídia Jorge e D. Alexandre Palma, moderada pelo jornalista Henrique Monteiro.
«Do Nazareno ao Niceno»

8 novembro das 10h15 às 11h30 com padre Francisco Martins SJ
«Blasfémia para os judeus? Sim… e não»
Que género de Messias esperavam os judeus do tempo de Jesus? Um Messias político? Um salvador humano? O estudo da literatura judaica do chamado período intertestamentário revela a enorme diversidade de expectativas messiânicas então reinante e abre a porta à compreensão das raízes judaicas da fé na divindade do Messias Jesus.

Das12h00 às 13h15 com padre César Silva SVD
«No princípio, era a Cristologia: os hinos pré-paulinos e a filiação divina de Jesus»
Os mais antigos escritos do Novo Testamento, as cartas de Paulo, incorporam formulações e hinos oriundos das primeiras comunidades cristãs. Estes textos, que são vestígio do primitivo culto cristão, apresentam a codificação de postulados cristológicos que proclamam de forma inusitada a divindade de Jesus. Sugerem, por isso, que as comunidades ainda em formação não hesitaram em reconhecer Jesus, o Messias de Israel, como Filho e Senhor. 

Das 14h45 às 16h00 com padre João Alberto Correia
«O Jesus sinótico: da pessoa única à visão plural»
Os evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas) apresentam um retrato multifacetado de Jesus, enfatizando a sua humanidade, a sua missão messiânica e a sua relação singular com Deus. Plenamente humano, Jesus aparece investido de poder para perdoar os pecados, interpretar a Lei, realizar milagres e ensinar com autoridade divina, revelando progressivamente a sua identidade e missão salvífica. Trata-se de uma cristologia progressiva que suscita a fé frágil dos discípulos, provoca a confissão messiânica de Pedro e revela a identidade plena de Jesus, na sua paixão, morte e ressurreição.

Das 16h30 às 17h45 com padre Mário Sousa
«Um Cristo sem fraturas: a construção de Jesus no Evangelho de João»
As comunidades para as quais é escrito o Evangelho de João têm uma realidade complexa, quer a nível interno (com membros vindos do judaísmo e do paganismo, com culturas e contextos sócio-religiosos diferentes e até antagónicos), quer a nível externo (conflitos crescentes com as comunidades judaicas e as autoridades do império). A situação interna inspira visões cristológicas diferentes, que se espelham na unidade da comunidade, posta em perigo também pelas dificuldades com o ambiente religioso e político exterior.

Partilhar:

Últimas AGENDA

NOTÍCIAS DO DIA

Outubro 2025
D S T Q Q S S
 1234
567891011
12131415161718
19202122232425
262728293031  
Scroll to Top