Évora/Lisboa: Associação ‘Ser Mulher’ assinala Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra a Mulher

«Uma vítima demora em média entre dois a três anos, e mais de 10 episódios de violência, até fazer a primeira denúncia» – Ana Beatriz Cardoso

Évora, 24 nov 2022 (Ecclesia) – A Associação ‘Ser Mulher’ (ASM), de apoio a vítimas de violência doméstica, em Évora, destaca a importância de assinalar o Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra a Mulher, a 25 de novembro, e participa em iniciativas de sensibilização.

“Este ano aquilo que se verifica, até ao mês de outubro, foi que em média houve a cada 11 dias uma mulher que foi assassinada. Isto significa que as medidas de proteção às vítimas de violência doméstica não estão a ser eficazes e é fundamental que os próprios agentes da justiça, os próprios tribunais, percebam como é que funciona uma relação violenta. Que um agressor é sempre alguém que é manipulador”, disse hoje Ana Beatriz Cardoso, presidente da ASM, em entrevista à Agência ECCLESIA.

Para a jurista, que é também a responsável pela primeira casa abrigo criada em Portugal, em 1995, das Irmãs Adoradoras, é “fundamental uma alteração da cultura vigente” e “mais medidas de proteção destas vítimas”, dando todas as condições efetivas para que deixem a relação, e seja “decretado que é o agressor que tem de sair de casa”.

Segundo Ana Beatriz Cardoso, a partir do trabalho da Associação ‘Ser Mulher’, desde 25 de novembro de 2021, verificaram que “os atendimentos aumentaram” mas, sendo a experiência, uma vítima demora em média entre dois a três anos, “e mais de 10 episódios de violência, até fazer a primeira denúncia”.

“Agora, provavelmente, estamos a receber denúncias de situações de violência que começaram em plena pandemia. Aquilo que se antevê, face à expectativa de uma crise que virá, é que vai haver um aumento das denúncias: Sempre que há uma crise há sempre um aumento da violência dentro das casas”, explicou.

A presidente da ASM contabiliza também que, em Portugal, nos últimos anos, “a média de denúncias tem-se mantido relativamente constante, à volta de 28 mil denúncias por ano”, o que significa que são, aproximadamente, “77 por dia e mais de três denúncias por hora”.

“Dá-nos bem a ideia da prevalência deste fenómeno”, lamentou.

A Organização das Nações Unidas (ONU) designou oficialmente o dia 25 de novembro como Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres, em 1999.

A ‘Ser Mulher’, associação sem fins lucrativos constituída em 8 de fevereiro de 2016, vai participar em diversas iniciativas e eventos que se vão realizar pelo Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres 2022, como um seminário em Évora sobre este tema, “com as várias estruturas que no distrito dão apoio a vítimas de violência domestica”, a partir das 09h00, no Auditório da Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares.

Já na parte da tarde desta sexta-feira, a ASM vai estar numa tertúlia “sobre o tema os filhos da violência, para falar sobre a repercussão e o impacto sobre as crianças”, a partir das 15h00, no auditório municipal de Vendas Novas, um município com o qual têm protocolo.

Imagem: Plataforma Portuguesa dos Direitos das Mulheres

Depois, a Associação ‘Ser Mulher’ também marca presença na ‘Marcha pelo fim da violência contra mulheres e raparigas’, organizada pela Plataforma Portuguesa dos Direitos das Mulheres, que começa às 18h30, na Praça do Comércio, em Lisboa, e termina no Jardim Roque Gameiro (Cais-do-Sodré).

“Esperarmos por todas e por todos vós”, é o convite de Ana Beatriz Cardoso.

A entrevistada destaca ainda que a Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres vai associar-se à campanha internacional ‘16 Dias pelo Fim da Violência Contra as Mulheres e Raparigas’, e promover conferências, exposições, debates, tertúlias, arte, cinema, teatro, e marcha, entre 25 de novembro e 10 de dezembro, e já se associaram mais de 40 entidades e organizações.

O Graal, movimento internacional de mulheres cristãs, por exemplo, vai receber o encontro ‘Violências institucionais na vida das jovens mulheres’, este sábado, dia 26, entre as 11H00 e as 13H00, no seu terraço.

CB

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