Beja: Catedral celebra 100 anos da ereção canónica

D. Fernando Paiva escreve mensagem à diocese por ocasião deste jubileu

Beja, 04 nov 2024 (Ecclesia) – O bispo de Beja, D. Fernando Paiva, escreveu uma mensagem à diocese por ocasião dos 100 anos da ereção canónica da catedral.

Para assinalar e viver este jubileu evocativo dos 100 anos da catedral de Beja, D. Fernando Paiva convida as paróquias a celebrarem a eucaristia, dia 14 deste mês, pela diocese e pelo seu bispo, lê-se na mensagem enviada à Agência ECCLESIA.

No dia 17 de novembro, pelas 16h00, celebra-se na Sé de Beja a eucaristia do centenário da ereção canónica.

O Papa Francisco concedeu a indulgência plenária nas “condições habituais (confissão sacramental, comunhão eucarística e oração pelas intenções do Santo Padre) ” e a bênção papal para os que “participarem na celebração deste jubileu da catedral”, acrescenta mensagem.

LFS

BREVE HISTÓRIA da DIOCESE de BEJA

A Diocese foi criada no período visigótico, conhecida então como Diocese Pacense (de Pax Julia) e o primeiro Bispo de que há registo foi Apríngio (531). Foi extinta durante a ocupação muçulmana e, aquando da reconquista de Beja aos mouros, em 1166, não foi restaurada, ao contrário do que aconteceu com quase todas as outras dioceses portuguesas, ficando este território, outrora Diocese Pacense, a fazer parte da Diocese de Évora, que a partir de 1540 passou a Arquidiocese.

No 10 de julho de 1770, a Diocese de Beja foi restaurada, com o título de Beiensis pelo Breve Agrum Universalis Ecclesiae, do Papa Clemente XIV, tendo como seu primeiro Bispo, neste novo período, D. Fr. Manuel do Cenáculo Vilas Boas (1770-1802). Este Bispo pensou em construir a Catedral no antigo Colégio dos Jesuítas com o título de São Sisenando, padroeiro da Cidade de Beja, mas esta ideia não se chegou a concretizar.

Entretanto, D. Manuel do Cenáculo foi nomeado Arcebispo de Évora, tendo a nossa Diocese Bejense durante todo o século XIX passado por diversas vicissitudes: as invasões francesas (1807-1812), a revolução liberal (1820), a guerra civil (1832-1834), a extinção das Ordens Religiosas em 1834, entre outros, foram geradores de instabilidade também na vida interna da Igreja, inclusive nas nomeações dos Bispos, levando a que a Diocese durante este século tivesse longos períodos de sede vacante, ou de Bispos pouco presentes, a tal ponto que a Diocese correu o risco de ser novamente extinta em 1876. Tal não aconteceu graças ao trabalho brilhante e perseverante do Cónego António José Boavida, então Vigário Capitular de Beja entre 1871 e 1883, tanto no Parlamento como junto da Santa Sé, como vem descrito na sua obra Memória acerca do Bispado de Beja, 1880.

Deste modo, desde o início da restauração da Diocese até 1922, a Igreja que servia de Sé (embora não instituída oficialmente) era a Igreja Paroquial do Salvador, por ser na altura a mais próxima do Paço Episcopal, mas segundo se afirma no rescrito da ereção da Catedral, de 14 de novembro de 1924, era «demasiado pequena e menos apta para o culto Episcopal». A Diocese depois da sua restauração, em 1770, teria de esperar 154 anos para ter oficialmente a sua Catedral, o que só aconteceu no tempo de D. José do Patrocínio Dias, o grande Bispo restaurador desta diocese, que escolheu a Igreja de Santiago Maior para Catedral e constituiu o respetivo cabido.

Este pedido do prelado pacense ao Papa Pio XI foi confirmado por dois Rescritos da Sagrada Congregação Consistorial, datados de 14 de novembro de 1924, onde o Santo Padre «erige a dita igreja de S. Tiago Maior Catedral da Diocese de Beja sob a invocação principal do Sacratissimo Coração de Jesus, reservado à mesma o título secundário de S. Tiago Maior, com todos os direitos e privilégios que de direito ou por costume competem às demais igrejas catedrais» (cf: AAS 18, 1926, 41-42).

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