Evangelizar a família para que esta se torne evangelizadora

Catecumenado é último tema abordado nas Jornadas de Formação do Clero de Viana do Castelo

A família, elemento fundamental no processo de iniciação cristã, «necessita de ser evangelizada para se tornar evengelizadora» defendeu Dionisio Borobio durante as Jornadas de Formação do Clero de Viana do Castelo que terminam hoje com a abordagem da questão do «Catecumenado».

Neste mini-curso sobre a «iniciação cristã», o Catedrático de Salamanca tem insistido permanentemente que se olhe para esta realidade inicial precisamente com um processo onde os diferentes «sacramentos» são parte que hão-de conduzir à constituição de um verdadeiro discípulo de Jesus Cristo que assume a missão da Igreja.

A família, hoje tão fragilizada nos seus membros, precisa, mais do que lhe digam quais são os seus deveres, nomeadamente o de educar, também na fé, os seus filhos, que a ensinem e lhe dêem os instrumentos suficientes para realizar a tarefa que lhe está acometida.

Para Borobio nenhuma outra instituição pode fazer tão bem como a família um trabalho de «humanização», ajudando os filhos a discernir o valores fundamentais, de integração das «diferentes experiência de vida», e a capacitar os sujeitos para discernirem a realidade, que é «sinal de maturidade».

Para levar a cabo a missão, os pais deve partir da Palavra de fé do Evangelho, viver uma «caridade intra-familiar e depois extra-familiar, numa comunhão cuja própria fidelidade, como casal, se torna evangelização.

No contexto familiar, defende este professor de sacramentologia, é importante que os pais saibam «explicar aos filhos o sentido e o significado» dos ritos, que na casa haja uma presença de símbolos religiosos e que rezem com as crianças porque há miúdos que «fizeram a primeira comunhão e não sabem o “Pai Nosso”».

O conferencista, um dos mais internacionais estudiosos da questão da iniciação cristã, abordou os três sacramentos que integram este processo.

A sua maior insistência diante do clero é que tudo seja visto e valorizado no quadro de um processo de crescimento, dado a cada acção apenas o valor que tem neste caminho que, respondendo ao apelo de Deus, conduz à santificação.

No caso do baptismo, tradicionalmente pedido para as crianças, mas cada vez mais pedido para crianças já em idade escolar, Dionisio Borobio pediu aos padres que adoptem um «critério pastoral comum mínimo para que não haja um desconcerto da pastoral».

Consoante o tipo de baptismo que for solicitado, em bebé, em idade escolar ou em adultos, procure-se uma preparação adequada, seja do próprio, seja dos pais e padrinhos, a fim de garantir uma recta consciência da implicações na missão da Igreja. Sugeriu mesmo que a implicação dos pais se possa fazer através de um «mini-catecumenato» durante o tempo da Quaresma.

Frisou que o baptismo, que é «porta de entrada» na vida cristã, tem de ter precisamente este sentido e não se lhe pode pedir mais.

Abordou ainda a questão da primeira comunhão, salientando que, até pela designação, deve ser seguida de «muitas comunhões» até ao dia de «deixarmos de ser cristãos».

Deixou um apelo para que a primeira comunhão seja olhada como «início de um processo pedagógico» em ordem à «participação plena na eucaristia que faz a comunidade». Igualmente apontou para a celebração da reconciliação. Deve ser interpretado este sacramento de uma forma pedagógica para a sua iniciação.

Borobio abordou ainda o sacramento da confirmação, salientando que sendo o último dos sacramentos da referida «iniciação», não encerra nada, bem pelo contrário compromete com a incarnação da missão confiada por Cristo à Igreja expressa no testemunho quotidiano.

Paulo Gomes

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