D. José Policarpo avalia o ICNE e o impacto que deixa nas cidades por onde já passou «Ao longo das quatro sessões, percebem-se linhas de forca, que não são fruto de reflexão, mas comuns às quatro sessões», referiu D. José Policarpo num encontro, esta tarde, com a comunicação social. «Penso que se tem conseguido manter a continuidade e a especificidade de cada cidade, cultura e igreja local». A organização das quatro sessões é comum e «uma iniciativa deste género não se pode avaliar pelos critérios normais, porque o espiritual deixa frutos, alguns detectados, mas muitos nunca o serão», referiu. As grandes cidades europeias mudaram muito nos últimos 50 anos, havendo agora uma nova consciência, quer na cidade quer na Igreja. Para o Cardeal Patriarca de Lisboa a sociedade tem problemas que as estruturas políticas e sociais muitas vezes não dão resposta, «mas a Igreja pode dar». «Não pretendemos dominar a sociedade, apenas humanizá-la». D. José Policarpo considera que, na capital portuguesa, «ficaram interpelações no coração das pessoas e temos sintomas disso»: uma maior abertura e procura de espiritualidade, «principalmente no campo da oração, pois vê-se que em Lisboa surgiram uma série de dinamismo, assim como um aumento do número de pessoas que celebram a eucaristia em dias de semana», exemplificou. “Muitos que achavam não ter iniciativa, passaram a tê-la e a ser mais activos, considerando que têm uma palavra a dizer», continuou. Uma forma dar resposta à dinamização gerada na cidade é a «tentativa de desburocratização da estrutura organizativa da Igreja, num esforço de rever e de reaproximar as pessoas». É por isso que a Cúria do Patriarcado (serviços da Diocese) estão, neste momento, em avaliação. A paróquia é outro local em mudança, pois segundo afirmou «a base territorial que se confere à paróquia está a deixar de existir e com estas mudanças são necessários novos ajustes» manifestando que daqui a alguns meses dará mais notícias sobre este assunto. Sobre a continuação do Congresso noutras cidades, D. José Policarpo referiu que tem havido algumas manifestações por parte de Barcelona, também «a Austrália e o Canadá têm sido presença constante nas sessões», mas sublinhou que principalmente «temos esperança de continuar o testemunho», revelando que «o mais importante não é a repetição, pois pode haver uma fórmula diferente». Questionado ainda sobre o Tratado da União Europeia afirmou-se «triste com as discussões em torno do preâmbulo, pois está constatado que a Europa, daqui a 50 anos, estará muito diferente. Será que queremos abdicar dos valores específicos europeus que estiveram na sua origem?». Para D. José, caso não se inclua a referência cristã, esta desaparecerá com o tempo. Sobre o referendo ao aborto, voltou a confirmar a necessidade de esclarecimento de consciências, «sendo o debate transversal a todos», mas adiantou que o esclarecimento irá «revelar posições mais conscientes e contribuir para o aprofundamento das razões de base».