Eutanásia: Responsáveis religiosos sublinham rejeição de prática que coloca em causa respeito pela vida

Conferência na Academia das Ciências destacou «legitimidade» da posição pública num debate em aberto

Lisboa, 16 mai 2018 (Ecclesia) – O GTIR – Grupo de Trabalho Inter-Religioso Religiões/Saúde (GTIR) promoveu hoje em Lisboa uma conferência sobre a eutanásia, com várias Igrejas e comunidades religiosas em Portugal.

Representantes de oito instituições apresentaram uma declaração individual, com os fundamentos da sua posição contra a eutanásia, “em circunstância alguma”.

O coordenador nacional das capelanias hospitalares, padre Fernando Sampaio, frisou nos trabalhos que as diversas tradições religiosas têm uma palavra a dizer “sobre a vida e sobre a morte”, como cidadãos empenhados socialmente.

“A eutanásia não elimina o sofrimento, elimina a vida da pessoa que sofre”, assinalou, ao justificar a adesão da Igreja Católica à posição conjunta proposta pelo GTIR.

A iniciativa decorreu na Academia das Ciências de Lisboa, concluindo-se com a assinatura de uma declaração comum sobre a eutanásia.

O padre José Nuno Silva, da Igreja Católica, especialista em Bioética, sublinhou por sua vez que esta é uma “matéria civilizacional”, no qual o contributo das religiões é “necessário”.

O sacerdote deixou votos de que o debate bioético seja um “encontro de sabedorias”, que conte com os “saberes teológicos” das tradições religiosas, que devem ter um discurso “empático”.

Fernando Soares Loja, vice-presidente da Comissão de Liberdade Religiosa e membro da Aliança Evangélica Portuguesa, assinalou no debate a legitimidade da “intervenção das comunidades religiosas na vida política do país”.

O GTIR engloba as comunidades Islâmica, Israelita, Budista, Hindu e Baha’i, as Igrejas Adventista, Ortodoxa e Católica, a Aliança Evangélica e o Conselho Português de Igrejas Cristãs (COPIC).

O COPIC não assinou a declaração conjunta, evitando definir “o que é socialmente lícito ou ilícito”, no caso da eutanásia; a comunidade Baha’i não marcou presença.

O programa incluiu uma conferência de Walter Oswald, que foi lida em seu nome, devido a problemas de saúde do médico e especialista em Bioética que a Igreja Católica distinguiu com a edição de 2016 do Prémio Árvore da Vida – Padre Manuel Antunes.

A 29 de maio vão estar em debate na Assembleia da República quatro projetos-lei relacionados com a legalização da eutanásia; para o mesmo dia está convocada uma manifestação de vários movimentos contrários à legalização da Eutanásia, como a Federação Portuguesa pela Vida.

Antes, no dia 24 de maio, o ‘Stop Eutanásia’ promove a manifestação ‘Os Portugueses Não querem a eutanásia’, às 12h30, diante do Palácio de São Bento.

OC

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