D. Manuel Quintas lembrou que o tema «não esteve presente na campanha eleitoral»
Faro, 12 fev 2020 (Ecclesia) – O bispo do Algarve observou que o tema da eutanásia “não esteve na campanha eleitoral” para as legislativas 2019 e apareceu “de um momento para o outro”, depois de ter sido discutido há menos de dois anos na Assembleia da República.
“Os nossos deputados parece que querem aprovar isto sem ninguém se aperceber”, disse D. Manuel Quintas, esta terça-feira, na Eucaristia do Dia Mundial do Doente, na capela do hospital de Faro.
Na informação enviada hoje à Agência ECCLESIA, pelo jornal ‘Folha de Domingo’, o bispo do Algarve defendeu a necessidade de um debate alargado sobre o tema.
“Precisamos de ser melhor informados”, observou.
O Parlamento português vai discutir e votar a legalização da eutanásia, com os projetos de lei do BE, do PAN, do PS e do PEV, no próximo dia 20.
DManuel Quintas referiu que “os profissionais de saúde se opõem a que se aprove uma lei como esta” e salientou que a sua missão “é curar até ao limite, até onde for possível” e “não eliminar” mas “salvar”.
Neste contexto, o bispo do Algarve assinalou que o atual bastonário da Ordem dos Médicos é contra a morte assistida, como cinco dos seus antecessores e realçou que “é também esse o parecer do Conselho Nacional de Ética e Deontologia da Ordem dos Médicos; da Ordem dos Enfermeiros e ainda a opinião da Associação Médica Mundial”.
“Hoje há tantos problemas a que devemos acorrer ou legislar no sentido de criar condições de melhor dignidade de vida a todos”, acrescentou, salientando que são precisas soluções para as questões que são obstáculo a uma vida digna, como os “cuidados paliativos a nível nacional”.
Esta terça-feira, a Conferência Episcopal Portuguesa manifestou o seu apoio à realização de um referendo contra a despenalização da eutanásia em Portugal, propondo uma aposta nos “cuidados paliativos”, como alternativa.
“Que nos deixem exprimir a nossa opinião”, disse D. Manuel Quintas, lembrando que está a decorrer a recolha de assinaturas para a realização de um referendo e destacou os “princípios muito oportunos” da carta aberta ‘Prevenir o que não se pode remediar’, de jovens ligados aos centros universitários da Companhia de Jesus (Jesuítas) aos deputados da Assembleia da República que já tem 805 assinaturas.
A Igreja Católica celebrou o Dia Mundial do Doente, na festa litúrgica de Nossa Senhora de Lurdes (11 de fevereiro), e o Papa Francisco reforçou a oposição a projetos de legalização da eutanásia na sua mensagem.
“Aconselha a não dizer só doentes, mas pessoas doentes para salientar a dignidade, porque nunca a perdemos”, realçou o bispo do Algarve na Missa no hospital de Faro.
A Eucaristia teve também como intenção a “oração pelos doentes e por aqueles que já faleceram” e D. Manuel Quintas, que depois visitou vários doentes internados naquela unidade de saúde, administrou o sacramento da Santa Unção a seis pessoas na celebração, informa o jornal ‘Folha do Domingo’.
CB