Eutanásia: Bispo de Viseu quer «cuidadores da vida e não abreviadores da morte»

D. Ilídio Leandro sublinha necessidade de manter relação de confiança entre os doentes e os profissionais de saúde

Viseu, 14 mai 2018 (Ecclesia) – O bispo de Viseu receia que legalização da eutanásia se traduza na perda de confiança nos “cuidadores de saúde” e disse que gostaria de uma sociedade “cuidadores da vida”.

“Tenho receio que se perca, se destrua uma das maiores formas de confiança que as pessoas frágeis podem ter nos seus cuidadores de saúde”, disse D. Ilídio Leandro, num encontro com jornalistas, a respeito da Semana da Vida 2018, que a Igreja Católica está a celebrar até domingo.

O bispo de Viseu deu como exemplo que “uma pessoa doente, frágil, numa situação muito débil, limitada” possa estar numa enfermaria e ao olhar para o médico, o enfermeiro, a pessoa cuidadora a “interrogar-se quando é que vai decidir” que é o momento de morrer.

“Gostaria que fossemos cuidadores da vida e não abreviadores da morte seja de quem fosse, não provocadores da morte”, realçou, no salão da Casa Episcopal.

D. Ilídio Leandro revelou que tem “pena” que nas circunstâncias atuais, “com a evolução no campo da medicina, da biologia, da biomedicina”, nos campos diversos do tratamento das pessoas não se empreguem “esforços, também algum dinheiro, para minimizar a dor de quem sofre”.

“Estas dimensões do tratamento da saúde, da vida, são aquelas que é mais evoluído ao ponto de se fazerem transplantações até de coração, órgãos vitais, a medicina desde há muitos anos tem sido das áreas que mais evoluem”, exemplificou.

O bispo diocesano diferenciou entre dar fármacos que aliviam as pessoas “do sofrimento e os medicamentos são para isso” de “dar medicamentos ou não dar e cortar para que a pessoa morra”.

No dia 29 de maio a Assembleia da República tem agendados debates parlamentares sobre os projetos de lei sobre a legalização da eutanásia.

Neste contexto, D. Ilídio Leandro destacou que na Diocese de Viseu estão a ser distribuídos mais de 60 mil exemplares de um desdobrável que “não é confessional”, com informação e divulgação “baseada na ciência, no direito à vida, a não morrer”.

O folheto com perguntas e respostas sobre a Eutanásia parte do documento publicado pela Conferência Episcopal Portuguesa, em 2016, ‘Eutanásia: o que está em jogo? Contributos para um diálogo sereno e humanizador’.

D. Ilídio Leandro considera que os folhetos se devem “publicitar em qualquer lugar” e incentivou que os desdobráveis fossem distribuídos “a todas as pessoas” e deu como exemplo as ações dos bombeiros “nas estradas” para chegarem de “forma mais diversa” ao público.

A Igreja Católica em Portugal está a viver a Semana da Vida 2018, até ao próximo domingo, dia 20, uma iniciativa que tem como pano de fundo a pergunta ‘Eutanásia… O que está em jogo?’.

CB/OC

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