D. António Couto destaca necessidade de viver «in extremis», «no amor, carinho»
Lamego, 08 jun 2018 (Ecclesia) – O bispo de Lamego afirmou que o ‘não’ à legalização da Eutanásia pelos deputados portugueses “tem de comprometer muito mais” os católicos.
“Todos sabemos que há irmãos e irmãs nossos que continuam a viver e morrer numa cama ou num canto qualquer, em completo abandono”, alertou D. António Couto, na homilia da Solenidade litúrgica do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo.
Na Sé de Lamego, o bispo diocesano revelou que sente “bem” que o ‘não’ à legalização da eutanásia na Assembleia da República o “compromete” e “tem de comprometer muito mais” os católicos.
“Este «não» alegra-me e deve alegrar todos aqueles que lutam e velam pela vida humana com pleno sentido desde o nascimento até à morte”, disse.
D. António Couto recordou que o ‘não’ à eutanásia no Parlamento tinha acontecido, dois dias antes do Corpo de Deus, “por um punhado de votos de diferença, in extremis conquistados”.
“Temos de aprender a viver sempre in extremis, no limite que é ao mesmo tempo limiar, no que a amor, carinho e sentido diz respeito, e procurar estar sempre lá, cada vez mais lá, onde sabemos que a vida dói mais”, desenvolveu.
Na homilia, enviada à Agência ECCLESIA, o responsável realçou que é desse “manto de afeto e ternura” que derivam “os muito falados cuidados paliativos”.
“Não são apenas os cuidados médicos apropriados a minorar as dores dos nossos doentes terminais ou em estado crítico”, observou na intervenção intitulada ‘Por um amor maior’ e antes da dedicação do novo altar da catedral lamecense.
Neste contexto, destacou que os cuidados paliativos são, também, “e talvez sobretudo”, a expressão de um amor maior, de um imenso abraço que acalente e dê sentido à vida de quem nasce, de quem vive, de quem sofre e de quem morre”.
A 29 de maio, o Parlamento português rejeitou os quatro projetos de lei que propunham a despenalização da eutanásia, apresentados pelo PS, BE, PAN e PEV.
CB/OC