«Ninguém pede a morte antecipada desde que lhe sejam prestados os cuidados paliativos» – D. João Lavrador
Angra do Heroísmo, Açores, 08 fev 2020 (Ecclesia) – O bispo de Angra disse que o sofrimento, que “é sempre o grande argumento a favor da Eutanásia”, deve ser “transformado em desafio” ao Estado para “oferecer” cuidados médicos e de assistência que “retirem a dor, como os cuidados paliativos”.
“Ninguém pede a morte antecipada desde que lhe sejam prestados os cuidados paliativos, tenha junto de si o carinho e a ternura da família, sinta a amizade e a proximidade dos vizinhos e amigos e esteja envolvida pelo amor e comunhão de uma comunidade humana”, afirmou D. João Lavrador.
O bispo de Angra salienta que o sofrimento, que “é sempre o grande argumento a favor da Eutanásia”, deve ser “transformado em desafio” ao Estado para “oferecer cuidados médicos e de assistência que retire a dor, como são os cuidados paliativos”.
Para D. João Lavrador, a sociedade também deve encarar “a forte interpelação à solidariedade” de olhar para quem sofre como “um convite” a oferecer a quem já não possui a vitalidade anterior que “possa contar com uma sociedade verdadeiramente solidária em favor da vida humana”.
“Como no Aborto, também a Eutanásia é o sintoma de uma sociedade doente, que olha para o futuro sem esperança, que envolta no seu egoísmo e na sua indiferença, prefere matar do que cuidar da vida humana e esforçar-se por eliminar as causas que levam as pessoas a desesperarem e a entrarem por soluções que à partida não desejavam e que são irreversíveis”, referiu em declarações ao sítio online ‘Igreja Açores’.
O bispo de Angra destaca que “a vida humana é o valor fundante de todos os outros valores” e considera que os argumentos a favor da Eutanásia, “bem orquestrados” por alguns grupos parlamentares e “ardilosamente apresentada” por alguma comunicação social, “não correspondem à realidade”.
“A vida humana é um valor civilizacional que determina as relações sociais e faz parte de um padrão cultural. Como tal, não pode estar ao arbítrio de um grupo, ser manipulada ou destruída. Muito pelo contrário, pertence à sociedade defender a vida humana em todas as fases do seu desenvolvimento e com as características próprias de cada etapa da vida humana. Pertence também ao Estado criar os mecanismos legais e educacionais que defendam e promovam a vida humana”, desenvolveu.
A Assembleia da República agendou para o próximo dia 20 o debate dos projetos do BE, PS, PAN e PEV sobre a despenalização da eutanásia em Portugal; A Federação Portuguesa Pela Vida promove uma concentração, pelas 12h30, no Largo de São Bento.
“Atendendo aos dados eleitorais das últimas eleições, os quais resultaram numa abstenção acima dos 50%, e dada a importância impar do que se trata, nada menos do que decidir sobre a vida de alguém, seja a pedido ou não, penso que apesar da legitimidade parlamentar, não existe legitimidade de base popular”, referiu D. João Lavrador, divulga o ‘Igreja Açores’.
Em 2018, a Assembleia da República debateu projetos de despenalização da morte medicamente assistida do PS, BE, PAN e Verdes, que foram chumbados numa votação nominal dos deputados.
Em 2016, a CEP publicou a Nota Pastoral ‘Eutanásia: o que está em causa? Contributos para um diálogo sereno e humanizador’, na qual os bispos católicos afirmam que “nunca é absolutamente seguro que se respeita a vontade autêntica de uma pessoa que pede a eutanásia”.
CB/OC