«Por um voto pelo espírito europeu» é o título da nota do organismo católico, que refere que exercer ato eleitoral é «desejar que a Europa não se volte para o seu umbigo»
Braga, 21 mai 2024 (Ecclesia) – A Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Braga publicou uma nota a apelar ao voto nas eleições europeias, no dia 9 de junho (em Portugal), sublinhando que esta “é uma responsabilidade cívica que não deve ser declinada”.
“Votar nas próximas eleições é uma responsabilidade indeclinável”, defende o organismo católico, que reconhece a importância deste ato como uma oportunidade de os portugueses manifestarem “também a vontade de ter voz na permanente construção da União Europeia”.
Para a comissão arquidiocesana, impõe-se, todavia, que “os candidatos e os futuros parlamentares se empenhem em esclarecer e ouvir os portugueses em matérias determinantes e essenciais” para a “vida comunitária”.
“O voto nestas eleições é um dever elementar de cidadania e um fator de legitimação popular da governação europeia, não devendo tal faculdade ser contaminada por assuntos meramente nacionais ou por agendas alicerçadas no cálculo eleitoralista”, pode ler-se na nota.
Intitulada “Por um voto pelo espírito europeu”, a mensagem destaca que “votar é desejar que a Europa não se volte para o seu umbigo”, “que compreenda que ficará tanto melhor quanto estiverem os outros povos”, “que compreenda a riqueza da multiculturalidade, da diversidade e do livre pensamento” e que “ponha a economia ao serviço dos cidadãos, e, em particular dos mais vulneráveis”.
Segundo a Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Braga, o voto de cada leitor é fundamental para que “a política europeia se mobilize para defender o Bem e a Casa Comum, apesar das constantes instigações em contrário formuladas pelos engenheiros do caos”.
“Quando as ameaças se multiplicam, conjugando-se para fragilizar o Estado de Direito e os valores democráticos, votar pode ser um grito pacífico em defesa de uma Europa que respeite integralmente a vida humana, que proteja os direitos, as liberdades e as garantias”, ressalta a mensagem.
No voto, pode e deve estar uma manifestação de apreço pela justiça, pela liberdade, pela solidariedade, pela tolerância, pela dignidade e pela equidade”
O organismo católico lembra que “a democracia não pode prescindir de escutar seja quem for” e que ninguém deve “desperdiçar a oportunidade de se fazer ouvir”.
No início da mensagem, a Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Braga descreve a União Europeia como “profundamente alterada por uma crise mundial de saúde pública, a pandemia de Covid-19; pela saída da União Europeia de um importante país-membro, o Reino Unido; e por ter às portas uma guerra, resultante da invasão da Ucrânia pela Rússia” e alerta para as consequências económicas, políticas e sociais que se “têm feito severamente sentir”.
Além disso, e recordando que foi concebida “pelos seus fundadores fundamentalmente como um espaço de paz e de prosperidade, em que o confronto político proporcionava um benefício democrático”, a comissão arquidiocesana escreve que, hoje, a UE vive “um momento de polarização amiúde com contornos de enorme violência”.
Os populistas têm aumentado o número de seguidores, conseguindo, em muitos sítios, disseminar o racismo e a xenofobia, a discórdia e o medo”
“Europa, que dizes de ti mesma?” é a questão que, segundo a Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Braga, se volta a impor aos cristãos, mencionando que a Europa, “ que abriu fronteiras, tornou possível e estimulou o diálogo ecuménico, o diálogo inter-religioso e a real comunhão entre os cristãos”, bem como “a boa convivência e o respeito entre crentes de diversas religiões ou não crentes”.
“O apelo – o apelo cristão – é a um tempo simples e complexo: a Europa deve continuar a ser este bom lugar em que, assim o queiramos nós, o nosso próximo esteja realmente próximo e tenha os múltiplos rostos que bem conhecemos e estimamos”, indicou.
Na nota, o organismo católico aborda ainda o “desafio incontornável” que é a “ecologia”, de acordo com o Papa Francisco.
“Não se pode tolerar que milhões de pessoas no mundo morram de fome, enquanto toneladas de produtos alimentares são descartadas diariamente das nossas mesas. Além disso, respeitar a natureza lembra-nos que o próprio homem é parte fundamental dela”, citou a comissão arquidiocesana.
LJ/OC