Apelos deixados à cimeira especial da União Europeia
Lisboa, 30 jan 2012 (Ecclesia) – A CIDSE, rede internacional de agências católicas de desenvolvimento, e o presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz (CPJP), da Santa Sé, uniram-se no pedido de um imposto sobre operações financeiras (ITF) na Europa.
O apelo foi enviado em comunicado, à Agência ECCLESIA, a respeito da cimeira da União Europeia sobre a crise da zona euro, que decorre hoje, em Bruxelas.
Após a reunião anual do Conselho de Administração da CIDSE, onde marcou presença, o cardeal ganês D. Peter Turkson, presidente do CPJP, referiu que o ITF seria “uma maneira de trazer a economia e finanças de volta à sua vocação primeira, incluindo a sua função social”.
As medidas de tributação sobre transações financeiras “devem ser aplicadas com taxas justas, aferidas em proporção com a complexidade das operações, especialmente no caso das desenvolvidas no mercado secundário”, disse.
Esta é uma posição partilhada pelas 16 organizações católicas de desenvolvimento da Europa e da América do Norte da CIDSE, nas quais se inclui a Fundação Fé e Cooperação (FEC), de Portugal.
Segundo o cardeal Turkson, “o ITF seria muito útil na promoção do desenvolvimento global e sustentabilidade, de acordo com os princípios de justiça social e solidariedade”.
“Também poderia contribuir para a criação de um fundo de reserva mundial para apoiar as economias dos países atingidos pela crise, bem como a recuperação de seus sistemas monetários e financeiros”, acrescenta.
John Arnold, bispo auxiliar de Westminster (Inglaterra), e outros nove bispos europeus presentes na reunião CIDSE, pediram aos governos céticos como o Reino Unido para apoiarem o ITF.
Chris Bain, Presidente da CIDSE, referiu que “a adoção de um ITF a nível da União Europeia é a coisa certa a fazer”.
“O ITF tem o potencial de reunir fundos para financiar projetos de desenvolvimento e adaptação/mitigação das alterações climáticas, pondo em prática medidas para mais justiça e equidade”, assinala.
A medida é apoiada por países como a Alemanha e a França, mas tem merecido resistência por outros Estados-membros da União Europeia.
“Os céticos devem perceber que um imposto sobre transações financeiras pode iniciar um longo caminho para estabilizar os sistemas financeiros, ao mesmo tempo que combatem a pobreza nalguns dos países mais vulneráveis do mundo”, declara Chris Bain.
A cimeira informal de chefes de Estado e de Governo de hoje à tarde realiza-se num cenário de crise generalizada na Europa.
Neste contexto, as agências de desenvolvimento do mundo católico e protestante uniram-se para pedir que o ITF abranja um “quadro alargado de transações” e não se limita às ações cotadas em Bolsa, para poder servir como um instrumento de “estabilidade, justiça e desenvolvimento sustentável”.
OC