Europa/Religião: Contrariar radicalismos através da «educação»

Bispos católicos analisaram desafios ao diálogo com as comunidades islâmicas no Velho Continente

Saint Maurice, Suíça, 15 mai 2015 (Ecclesia) – O Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE) destacou hoje na Suíça a “educação religiosa” como receita para contrariar a “radicalização do Islão” que está em marcha em vários países.

Em comunicado enviado à Agência ECCLESIA, os bispos e delegados católicos responsáveis pelo diálogo com os muçulmanos frisam que o atual clima de crispação só poderá ser ultrapassado através da afirmação de princípios como “a liberdade religiosa e de consciência”.

E sob este prisma, torna-se indispensável a aposta na “educação religiosa” das novas gerações, de modo a construir comunidades que “vivam a sua identidade no respeito pelas convicções religiosas dos outros”, pode ler-se.

Reunidos desde quarta-feira na localidade suíça de Saint Maurice, os membros da COMECE realçam que “o Islão é uma religião rica na diversidade das suas tradições e doutrinas, no entanto, tal como todas as crenças, está constantemente sujeita à ameaça do radicalismo”.  

No que toca aos católicos, a via do diálogo com os muçulmanos deve ser encarada como “um imperativo da fé” que não pode ser ignorado.

A mesma nota invoca os 50 anos da declaração “Nostra Aetate” (No nosso tempo), saída do Concílio Vaticano II, e onde a Igreja Católica reconhece os valores presentes em religiões não-cristãs.

Um documento que, na opinião dos responsáveis da COMECE, deveria estar “mais difundido e presente no meio dos católicos”.

Os bispos e delegados católicos presentes na Suíça defendem ainda a necessidade dos cristãos refletirem “profundamente acerca da sua fé e vivência religiosa”, face a desafios como o “secularismo” e o advento de “movimentos populistas” que “tanto afetam cristãos como muçulmanos”.

Durante o encontro, que terminou esta sexta-feira, foram apresentadas experiências de diálogo em curso entre a Igreja Católica e o Islão em vários países, como Espanha, Suíça, Alemanha, França e Bósnia Herzegovina.

Os trabalhos na Suíça foram acompanhados, entre outros responsáveis católicos, pelo presidente do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso, cardeal Jean-Louis Tauran; e pelo arcebispo de Bordéus e antigo presidente do CCEE, cardeal Jean Pierre Ricard.

Criado em 1971, o CCEE é composto pelas 33 conferências episcopais da Europa, representadas pelos seus presidentes, além dos arcebispos do Luxemburgo, Principado do Mónaco, Chipre dos Maronitas e o bispo de Chisinau, na Moldávia.

Portugal está representado no organismo católico pelo cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente.

JCP

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