D. Manuel Clemente diz que a questão «às vezes parece mais abafada do que realmente posta e transposta» para o terreno
Lisboa, 13 set 2013 (Ecclesia) – O patriarca de Lisboa disse hoje que a integração das diversas culturas e religiões no espaço europeu é uma questão que “ainda não está garantida” e deve merecer maior atenção por parte das instâncias comunitárias.
D. Manuel Clemente deixou este alerta durante um debate integrado no 2.º encontro “Presente no Futuro”, organizado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos e tem por tema “Portugal Europeu. E agora?”.
Numa mesa composta também por João Proença, antigo líder da UGT, e pelo escritor Gonçalo M. Tavares, o patriarca lisboeta deu a entender que faltam estratégias, projetos que favoreçam o diálogo e a convivência num continente cada vez mais globalizado.
“Basta ir ao centro de Londres, a Estocolmo, a uma cidade alemã, tudo nórdico, e a questão da diversidade cultural, ética, religiosa, etc, é uma questão que às vezes parece mais abafada do que realmente posta e sobretudo transposta, e aqui é preciso trabalhar muito”, salientou.
D. Manuel Clemente referiu ainda que, apesar da “indiscutível urgência dos problemas económicos e de trabalho” que marcam a Europa, ela não deve “sufocar uma outra urgência, que é a do encontro cultural e da compreensão mútua das diferentes tradições” aqui presentes.
Para ilustrar a diversidade étnica e doutrinal que marca atualmente o território, o patriarca de Lisboa recordou um encontro de “líderes religiosos da Europa” a que foi em maio deste ano na cidade de Bruxelas, promovido pela Comissão Europeia.
Num conjunto de 30 responsáveis religiosos, havia apenas “três católicos romanos, o resto eram de outras confissões religiosas e de outras designações cristãs”.
Uma das perguntas que também se colocaram no encontro que a Fundação Francisco Manuel dos Santos está a promover até este sábado, no Liceu Pedro Nunes, em Lisboa, foi “Que europeu sou eu?”.
Pegando no quadro atrás traçado e olhando para a Europa como “uma realidade extremamente dinâmica” e em “mutação acelerada”, D. Manuel Clemente disse acreditar sobretudo numa comunidade que consiga juntar “de maneira positiva” todas as civilizações e culturas que a compõem.
“Aí a Europa poderá encontrar para o mundo inteiro aquilo que é o seu papel, já o foi no passado e é o melhor que ela tem para o futuro”, concluiu.
JCP