Europa: Papa renova alerta contra onda de populismo

Francisco diz que tentações nacionalistas e belicistas trazem consequências trágicas

Lisboa, 09 mar 2017 (Ecclesia) – O Papa Francisco reforçou os seus alertas contra o populismo e o nacionalismo, na Europa, numa entrevista publicada hoje pelo semanário alemão ‘Die Zeit’.

“O populismo é mau e no final acaba mal, como no-lo mostra o século passado”, alertou, numa alusão ao regime nazi e às guerras mundiais.

Francisco admitiu estar preocupado com a onda de populismo na Europa, recordando os discursos que pronunciou em Estrasburgo, junto do Parlamento Europeu e do Conselho da Europa, e na receção do prémio Carlos Magno, que considera a síntese do seu pensamento sobre o Continente.

Na entrevista ao ‘Die Zeit’, o Papa recorda a ascensão ao poder de Adolf Hitler nos anos 30 do século XX.

“A Alemanha estava desesperada, a crise económica de 30 era… e um jovem disse ‘eu posso, eu posso, eu posso’. Chamava-se Adolf, e isto acabou assim, não?  Conseguiu convencer o povo de que ele podia. Por trás dos populismos existe sempre um messianismo, sempre. É também uma justificação: preservar a identidade do povo”, alertou.

Francisco aludiu a figuras como Schuman o Adenauer, os “grandes do pós-guerra” que imaginaram a unidade europeia, com uma ideia “não populista”.

“Imaginaram uma fraternidade de toda a Europa, do Atlântico aos Urais. E estes são os grandes líderes – os grandes líderes – que são capazes de levar em frente o bem do país, sem estarem eles no centro. Sem serem messias”, observou.

O Papa defende que hoje “todo o mundo está em guerra”, numa “terceira guerra mundial aos pedaços”.

“Isto faz-se com as armas modernas e existe toda uma estrutura de fabricantes de armas que ajuda. É uma guerra. Mas –sublinho – não quero dizer que esta situação seja a mesma de [19]33, não! Este é um exemplo que dei para explicar o populismo”, acrescentou.

Francisco lamenta a “maldade” da pessoa que mata, a mesma de quem “fabrica as armas”, e critica quem reza para pedir “muito dinheiro para ter muito poder”.

“Isto não é correto”, sustenta.

O Papa fala numa “doença religiosa” visível nas máfias e nos que se dizem cristãos, embora promovam assassinatos, admitindo que são situações que o deixam “zangado”.

“Fico zangado quando a Igreja, a Santa Madre Igreja, a minha mãe, a minha esposa, não dá um testemunho de fidelidade ao Evangelho. Isso faz-me mal”, disse.

OC

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