Encontro marcado para esta tarde
Cidade do Vaticano, 03 mar 2017 (Ecclesia) – O Papa Francisco vai receber hoje, no Vaticano, os chefes de Estado e de Governo da União Europeia para assinalar 60 anos do Tratado de Roma.
O encontro com os responsáveis políticos, que se vão reunir na Itália pelo 60.º aniversário do tratado fundador da então Comunidade Económica Europeia, está marcado para as 18h00 locais (menos uma em Lisboa), na sala régia do Palácio Apostólico do Vaticano.
A 25 de novembro de 2014, o Papa discursou perante o Parlamento Europeu, em Estrasburgo, França.
Francisco disse então que "a Europa tem uma necessidade imensa de redescobrir o seu rosto para crescer, segundo o espírito dos seus pais fundadores, na paz e na concórdia, já que ela mesma não está ainda isenta dos conflitos”.
A intervenção alertou ainda para os perigos apresentados pelo “poder financeiro” e considerou que a alma do Velho Continente está ameaçada por “doenças” como a “solidão” e as consequências da crise económica e social.
O Papa recordou as raízes religiosas para a construção do futuro do continente, em defesa da “sacralidade da pessoa”.
“Queridos eurodeputados, chegou a hora de construir juntos a Europa que gira não em torno da economia, mas da sacralidade da pessoa humana, dos valores inalienáveis; a Europa que abraça com coragem o seu passado e olha com confiança o seu futuro, para viver plenamente e com esperança o seu presente”, declarou.
Já em junho de 2016, o Papa afirmou que a decisão do Reino Unido de sair da União Europeia e as reivindicações independentistas de algumas regiões mostram a "atmosfera de divisão” que se respira no continente.
“Já há guerra na Europa, depois há uma atmosfera de divisão, não só na Europa. Lembremo-nos da Catalunha, do ano passado na Escócia. Não digo que estas divisões sejam perigosas, mas é preciso estudar bem”, referiu aos jornalistas, em conferência de imprensa durante o voo de regresso desde Erevan, capital da Arménia.
Francisco foi questionado sobre o resultado do referendo sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia (UE); os eleitores da Escócia, Inglaterra, Irlanda do Norte e País de Gales decidiram-se pela saída da UE (51,9% dos votos).
“Tudo isto nos deve fazer refletir: um país pode dizer ‘estou na União Europeia, quero ter algumas coisas que são da minha cultura’”, observou.
O Papa falou da necessidade de “criatividade” e mesmo de “sã desunião” no seio da UE, dando mais “independência e liberdade” aos Estados-membros para pensar noutra “forma de união”.
Em 2012, a Conferência Episcopal Portuguesa publicou uma nota pastoral sobre o projeto comunitário.
“A União Europeia tem as suas origens no Tratado de Roma, perante os efeitos devastadores da guerra. A União continua a ser um instrumento e um meio para construir a paz. É missão da Europa unida preservar a paz, edificar a paz”, defenderam os bispos católicos.
OC