Europa: Papa pede solução para a Grécia

Francisco espera criação de mecanismos de «vigilância» que evitem repetição dos problemas noutros países

Cidade do Vaticano, 13 jul 2015 (Ecclesia) – O Papa disse hoje que a Europa tem de encontrar “um caminho” para resolver o problema da Grécia e criar mecanismos de "vigilância” para que o mesmo não se repita noutros países.

Francisco falava no voo de regresso a Roma, desde o Paraguai, após encerrar uma viagem de oito dias à América Latina, com passagens pelo Equador e Bolívia.

“Os governantes gregos que criaram esta situação de dívida internacional têm uma responsabilidade, com o novo Governo grego começou uma revisão algo justa. Eu desejo que encontrem um caminho para resolver o problema”, declarou, numa conferência de imprensa com mais de uma hora.

O Papa espera que se evite que “outros países caiam no mesmo problema” e que isto ajude a “seguir em frente, porque o caminho dos empréstimos e das dívidas, no fim de contas, nunca acaba”.

No discurso que proferiu ao encerrar o II Encontro Mundial dos Movimentos Populares, em Santa Cruz de la Sierra, o Papa condenou a imposição de medidas de austeridade que “apertam o cinto dos trabalhadores e dos pobres”.

Francisco disse aos jornalistas que tem “alergia à economia”, porque o seu pai, contabilista, muitas vezes tinha de trabalhar em casa ao sábado e ao domingo.

“Não percebo bem como é que a coisa funciona, mas seria muito fácil dizer: a culpa é só desta parte”, prosseguiu, a respeito das atuais negociações da zona euro sobre a Grécia.

O Governo grego liderado por Alexis Tsipras terá acabado por concordar com a maioria das medidas reclamadas pelos credores, as quais devem ser aprovadas a nível legislativo até quarta-feira.

O Papa disse ter ouvido falar de um projeto da ONU que permitiria a um país declarar a “bancarrota”, de forma diferente ao “default”.

“Se uma empresa pode declarar a bancarrota, porque é que um país não o pode fazer e ir em ajuda dos outros?”, questionou.

Segundo o pontífice argentino, o problema da dívida é "terrível".

"Todos os países têm dívidas e um ou dois compraram as dívidas dos grandes países, é um problema mundial", advertiu.

Francisco comentou depois as “colonizações do consumismo”, que levam a um desequilíbrio da “personalidade".

"O consumismo desequilibra também a economia interna e a justiça social, mesmo a saúde física e mental", exemplificou.

O Papa disse ainda que a América Latina tem uma "lição" para a Europa, onde os nascimentos estão em queda e há "poucas políticas para ajudar as famílias numerosas".

OC

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top