Europa: Papa alerta para aumento de taxas de desemprego e subemprego de «milhões»

Francisco pede continente virado para os jovens, com novo modelo económico

Cidade do Vaticano, 06 mai 2016 (Ecclesia) – O Papa pediu hoje no Vaticano uma Europa que dê mais voz aos jovens, durante a cerimónia de atribuição do prémio internacional ‘Carlos Magno’ 2016, alertando para o “desemprego e subemprego” de milhões de pessoas.

“Como podemos fazer os nossos jovens participantes desta construção [europeia], quando os privamos de emprego, de trabalhos dignos que lhes permitam desenvolver-se com as suas mãos, a sua inteligência e as suas energias?”, questionou Francisco, após ser distinguido pela cidade alemã de Aachen.

O Papa defendeu a criação de “postos de trabalho dignos e bem remunerados” para que seja possível construir uma sociedade diferente.

A intervenção retomou as preocupações do pontífice com a os atuais sistemas económicos, propondo novos modelos, “mais inclusivos e equitativos”.

Francisco mostrou-se apologista da passagem duma “economia líquida a uma economia social”, ou seja, “passar duma economia que tenha em vista o rendimento e o lucro com base na especulação e empréstimo com juros, para uma economia social que invista nas pessoas criando postos de trabalho e qualificação”.

“Devemos passar duma economia líquida, que tende a favorecer a corrupção como meio para obter lucro, a uma economia social que garanta o acesso à terra, à casa, por meio do trabalho”, insistiu.

O atestado do prémio, lido na Sala Regia do Palácio Apostólico do Vaticano, sublinha o “compromisso extraordinário” do Papa “em favor da paz, da compreensão e da misericórdia numa sociedade europeia de valores”.

O pontífice argentino agradeceu a distinção e os discursos que lhe foram dirigidos pelos presidentes da Comissão, do Parlamento e do Conselho Europeus – respetivamente, Jean-Claude Juncker, Martin Schulz e Donald Tusk.

Francisco citou o escritor Elie Wiesel, sobrevivente dos campos nazis de extermínio, para defender uma “transfusão de memória”, com a ajuda dos “pais fundadores da Europa”, que leve a “construir pontes e a derrubar muros”.

“Hoje é urgente poder realizar coligações – já não apenas militares ou económicas, mas culturais, educacionais, filosóficas, religiosas; coligações que ponham em evidência que muitas vezes, por trás de muitos conflitos, está em jogo o poder de grupos económicos”, denunciou.

O Papa considerou depois que os jovens são “operadores de mudança e transformação”, que exigem oportunidades.

“Os nossos jovens não são apenas o futuro dos nossos povos, mas o presente; são aqueles que já hoje estão a forjar, com os seus sonhos, com a sua vida, o espírito europeu”, disse Francisco.

O discurso concluiu-se com uma reflexão sobre o papel da Igreja no “renascimento” da Europa, o que se traduz “sobretudo em sair ao encontro das feridas do homem”.

O Prémio Carlos Magno foi estabelecido em 1949, após a II Guerra Mundial; a distinção, considerada como uma das mais importantes na Europa, tinha sido outorgada ao Papa São João Paulo II, em 2004.

OC

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Agência ECCLESIA

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