«A Europa é chamada a revitalizar no mundo de hoje a sua vocação para a solidariedade na subsidiariedade» – Francisco
Cidade do Vaticano, 11 nov 2021 (Ecclesia) – O Papa Francisco afirmou hoje que a migração “acompanhou e pode apoiar” o caminho ecuménico “nos diferentes países europeus”, na audiência aos participantes de um encontro promovido pelas Missões Católicas Italianas na Europa, no Vaticano.
“À luz da experiência latino-americana, pude afirmar que os migrantes, se são ajudados a integrar-se, são uma bênção, uma riqueza, e um dom que convida uma sociedade a crescer”, disse o Papa, divulga o portal ‘Vatican News’.
Francisco explicou que os migrantes se forem integrados podem ajudar a “respirar o ar de uma diversidade que regenera a unidade”, alimentar o rosto da catolicidade e “dar testemunho da apostolicidade da Igreja”, bem como “gerar histórias de santidade”.
Neste contexto, deu como exemplo Santa Francesca Saverio Cabrini, natural da Itália mas “foi a primeira cidadã dos Estados Unidos” canonizada.
A Fundação Migrantes, da Conferência Episcopal Italiana, está a promover o encontro ‘Os italianos na Europa e a missão cristã’, os participantes, sacerdotes e colaboradores ao serviço das comunidades e missões na Europa, foram recebidos pelo Papa no Vaticano.
“As migrações acompanharam e podem apoiar, através do encontro, da relação e da amizade, o caminho ecuménico nos diferentes países europeus, onde os fiéis pertencem principalmente às comunidades reformadas ou ortodoxas”, afirmou.
Segundo Francisco, a migração “pode ser uma bênção para a Europa”, e a Igreja neste continente não pode deixar de “considerar os milhões de emigrantes da Itália e de outros países” que estão a renovar o rosto das cidades, dos países, a alimentar “o sonho de uma Europa unida, capaz de reconhecer raízes comuns e alegrar-se com a diversidade que a habita”, como escreveu na Encíclica ‘Fratelli Tutti’.
“É um belo mosaico, que não deve ser desfigurado ou corrompido por preconceitos ou ódio velados de respeitabilidade. A Europa é chamada a revitalizar no mundo de hoje a sua vocação para a solidariedade na subsidiariedade”, desenvolveu.
O Papa destacou a importância do “testemunho de fé” das comunidades de emigrantes italianos nos países europeus, assinalando que “é uma herança a ser preservada e cuidada”.
“Graças à sua religiosidade popular arraigada, eles comunicaram a alegria do Evangelho, tornaram visível a beleza de serem comunidades abertas e acolhedoras, partilharam os caminhos das comunidades cristãs locais”, observou, indicando a importância do diálogo intergeracional, “especialmente entre avós e netos”.
Francisco assinalou que, muitas vezes, os migrantes são vistos “apenas como ‘outros’, como estranhos”, mas lendo os dados do fenómeno migratório descobre-se que “são uma parte relevante de ‘nós’”, como, no caso dos migrantes italianos, dando como exemplo o seu caso pessoal, a “família também emigrou para a Argentina”.
O Papa recordou o ataque terrorista onde morreram 32 pessoas, no aeroporto de Zaventem (Bélgica), em 2016, e que foi reivindicado pelo autoproclamado Estado Islâmico, observando que os autores “eram belgas, filhos de migrantes não integrados, guetizados”.
CB