Francisco pede cuidado na análise aos movimentos independentistas e critica economia que «descarta» milhões de jovens
Cidade do Vaticano, 13 jun 2014 (Ecclesia) – O Papa Francisco manifestou hoje a sua “preocupação” pelas divisões que assolam a Europa, com epicentro por exemplo na Catalunha e na Escócia, que vão votar a independência face à Espanha e Reino Unido.
Em entrevista ao jornalista Henrique Cymerman, publicada pelo jornal do Vaticano L’Osservatore Romano, o Papa argentino diz que “todas as divisões o preocupam” mas realça a diferença entre “independência por emancipação e independência por secessão”.
O primeiro caso teve como exemplo prático os territórios americanos, “que se emanciparam” dos colonizadores “europeus”.
Já “a independência dos povos por secessão” implica muitas vezes “um desmembramento, por vezes muito claro”, apontou Francisco, que falou em seguida do caso da antiga Jugoslávia.
“Obviamente há povos com culturas tão diferentes que não é possível mantê-los juntos nem com cola. O caso jugoslavo é muito claro, mas pergunto-me se será assim tão claro para outras nações, que até agora têm permanecido unidas”, declarou.
Para o Papa, as cisões que afetam diversos países europeus devem ser “analisadas caso a caso” e sobretudo as situações envolvendo territórios “sem um passado de unidade forçada devem ser tratadas com pinças”.
Na mesma entrevista, Francisco voltou a abordar o modelo económico dominante, na sociedade atual, considerando que este está a colocar em risco o futuro da sociedade, votando inúmeros jovens ao desemprego e à pobreza.
“Preocupa-me muito o estado de desocupação em que se encontram os jovens, que em alguns países supera os 50 por cento. Fala-se que na Europa o desemprego afeta 75 milhões de jovens com menos de 25 anos. É uma enormidade. Descarta-se uma geração inteira para manter um sistema económico que não funciona mais, que sobrevive à base da guerra, como sempre fizeram os grandes impérios”, realçou.
Paralelamente a uma “economia assente no ter mais e mais”, que retira o facto humano do “centro” das prioridades e o substitui pelo “ídolo do dinheiro”, há outros fenómenos que colocam em causa o futuro da sociedade, frisa o Papa argentino.
Entre elas estão “as limitações à natalidade” e a solidão e abandono a que são votados os mais idosos.
Enquanto os mais jovens têm o condão de “conseguir levar um povo em frente com força”, os anciãos são garante de “sabedoria e memória e devem poder passá-la aos mais novos”, sustentou.
LR/JCP