Europa: Nova versão da Charta Oecumenica «não menciona apenas os problemas» atuais, mas «compromete» Igrejas Cristãs a agir, diz D. Armando Esteves Domingues

Bispo da Comissão Episcopal Missão e Nova Evangelização e pastora Miriam Lopes, da Igreja Presbiteriana, comentam atualização do documento

Foto: CCEE

Lisboa, 06 nov 2025 (Ecclesia) – O presidente da Comissão Episcopal Missão e Nova Evangelização afirmou que a nova versão da “Charta Oecumenica”, assinada esta quinta-feira, “não menciona apenas os problemas” atuais na Europa, mas que “compromete” Igrejas Cristãs a agir.

“Não é só uma reflexão sobre o ideal da vida e da convivência, sobretudo nesta Europa, porque é um documento que se refere à Europa, mas a pensar que nós precisamos de fazer alguma coisa, precisamos de passar mais à ação”, referiu D. Armando Esteves Domingues, em entrevista ao Programa ECCLESIA, emitido hoje na RTP2.

O Conselho das Conferências Episcopais da Europa e a Conferência das Igrejas Europeias, que representam centenas de milhões de cristãos na Europa, assinaram, em Roma, uma nova versão da “Charta Oecumenica” (Carta Ecuménica), de 2001, que reflete sobre o “panorama social, espiritual e ecológico em evolução da Europa”.

24 anos depois, o também bispo de Angra (Açores) assinala que o documento “atualiza, com todas as propostas que foram feitas, temas que têm muito que ver com os migrantes, todas as pessoas deslocadas, os refugiados”, bem como “os problemas novos” que o ecumenismo e o contexto cultural originam.

Foto Agência ECCLESIA/MC

D. Armando Esteves Domingues aponta o exemplo da questão da guerra, da defesa da criação, a juventude e as novas tecnologias.

O responsável valoriza o facto de a nova versão do texto, depois de centrar os novos desafios, incluir uma série de pontos com compromissos.

A pastora Miriam Lopes, da Igreja Presbiteriana de Portugal, destaca que a Igreja tem por missão responder aos tempos de hoje e que, nestas mais de duas décadas, “muita coisa aconteceu na Europa e muitos desenvolvimentos mereceram uma abordagem especial de ambos os lados”, do cristianismo.

“Tenho observado que dos pontos que existiam na carta antes da revisão e nestes novos, eu até considero que particularmente em Portugal têm sido dados passos concretos significativos”, salienta.

A responsável fala que os “desafios são comuns a todos os cidadãos que vivem na Europa, que neste documento podem encontrar “orientações” para chegar à ação.

“Não estamos divididos porque realmente as questões são urgentes, são muito prementes mesmo, como o caso da guerra. O caso, por exemplo, da utilização abusiva da religião. O populismo. A violência contra os mais carenciados, as mulheres. São temas abrangentes, no fundo, a toda a fé crista”, sublinha.

Segundo a pastora Miriam Lopes, estes “são desafios comuns que merecem uma resposta comum”.

A entrevistada dá o exemplo de iniciativas que são o reflexo do trabalho conjunto entre os cristãos como é o caso do Fórum Ecuménico Jovem, dos encontros entre a direção do COPIC – Conselho Português de Igrejas Cristãs e a Conferência Episcopal Portuguesa e a Semana da Unidade de Oração pela Unidade dos Cristãos.

Relacionando a dinâmica sinodal que a Igreja Católica está a viver com a nova versão da ‘Charta Oecumenica’, D. Armando Esteves Domingues realça que “sem ecumenismo não há verdadeira sinodalidade”.

“A sinodalidade não nos fecha, não nos faz olhar para nós próprios e com aqueles com quem é muito fácil dialogar. Torna-nos uns apaixonados por esta arte da escuta. E esta arte da escuta que é também criativa, que tem responsabilidades também no ser modelo de diálogo e de escuta e de construção comum com as outras igrejas cristãs, de todas as tradições”, enfatizou.

Assinada em 2001, o documento orientador da cooperação ecuménica entre as Igrejas cristãs europeias ganhou nova redação por ocasião do 1700.º aniversário do primeiro concílio ecuménico da história, em Niceia (325), atual Turquia.

HM/LJ/OC

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