Diretor do Serviço Nacional da Pastoral do Ensino Superior considera que diagnósticos exigem mais do que monólogos
Paulo Rocha, enviado da Agência ECCLESIA a Barcelona
Barcelona, Espanha, 28 mar 2017 (Ecclesia) – O diretor do Serviço Nacional da Pastoral do Ensino Superior (SNPES) afirmou hoje que os jovens europeus refletem o ambiente de “deriva” e ansiedade do continente e disse que este setor da pastoral não se decide com “monólogos”.
“A juventude anda à deriva, opta por caminhos muito voltados para ela própria e esquece a sua herança, a sua memória, a sua tradição”, disse o padre Eduardo Duque à Agência ECCLESIA no simpósio que reúne representantes de 37 conferências episcopais europeias.
O Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE) promove a partir de hoje o simpósio sobre o tema ‘Acompanhar os jovens a responder livremente ao chamamento de Cristo’, onde participam representantes dos episcopados europeus do setor da catequese, escola, universidade, pastoral juvenil e pastoral vocacional.
O encontro, promovido em parceria com a Conferência Episcopal Espanhola e o Arcebispado de Barcelona, reúne 275 participantes de 37 países da Europa, incluindo Portugal, que procuram respostas para a presença da Igreja Católica junto da juventude.
“Possivelmente os jovens só encontrarão o futuro se a Europa se voltar para a pessoa, não tanto para a técnica, sendo que é um complemento do ser humano”, adiantou o diretor do SNPES.
Para o padre Eduardo Duque, deriva, ansiedade e incerteza são “três marcas do que se está a passar na Europa”, nomeadamente na juventude, que procura saber “como vai ser o futuro”.
“Temos aqui representantes da Europa e não sabemos como vai ser o futuro da Europa”, referiu o sacerdote da Arquidiocese de Braga.
“Creio que é muito importante a voz e o olhar sereno e ponderado de quem é mais velho, mas gostaria de ver aqui gente mais nova, mais jovens, sacerdotes mais novos”, acrescentou.
Para o diretor do SNPES é necessário convocar “grandes representações juvenis” para falar sobre os seus “problemas reais”, nomeadamente o afastamento da Igreja, a “falta de referentes de sentido”.
“Nós não podemos ter monólogos, nós a falar para nós próprios a fazer diagnósticos para aquilo que nós gostaríamos que fosse a juventude”, sublinhou.
O padre Eduardo Duque considera a juventude de Portugal diferente da europeia, com mais “estabilidade” e baseada em valores familiares.
“Não estaremos tão secularizados como a grande parte da Europa. Ainda existe nos jovens portugueses uma espiritualidade um pouco mais tradicional, o valor da família é acentuado, o poder da Igreja é determinante junto das pessoas, a importância da paróquia é manifesta e isso ajuda a dar estabilidade aos jovens”, considerou.
O Simpósio promovido pelo CCEE é organizado no contexto da preparação do Sínodo dos Bispos sobre a Juventude, que vai decorrer no Vaticano, em 2018, e está a ser acompanhado pela Agência ECCLESIA.
PR