Europa/Igreja: Comissões Justiça e Paz deixam propostas políticas para momento de incertezas

Organismos da Igreja Católica partilham sugestões para questões ambientais, laborais, de relações económicas e sociais

Lisboa, 24 mar 2017 (Ecclesia) – A Conferência Europeia das Comissões de Justiça e Paz (Justiça e Paz Europa) divulgou dez propostas políticas, numa ação concertada perante uma Europa que se encontra na "encruzilhada”.

“A política é mais do que a busca do interesse pessoal por meios estratégicos e táticos. Num mundo em rápida mudança, é necessária uma reinterpretação dinâmica do papel e da responsabilidade da Europa”, afirma o documento, enviado hoje à Agência ECCLESIA.

A primeira proposta política a uma ‘Europa na Encruzilhada’ é “reformar o sistema comum europeu de asilo” para manter esse “direito universal”, sem "restrições”.

A Justiça e Paz Europa considera que, para a renovação do projeto europeu, é necessária uma “visão clara do seu mérito excecional”, combinada com um discurso público europeu sobre “a sua identidade e futuro, bem como os valores em que assenta”.

Na informação, enviada pela Comissão Nacional Justiça e Paz, evoca-se o referendo de junho de 2016 que conduziu o Reino Unido ao 'Brexit' e “inaugurou um período de dúvida e incerteza”.

“Deve ser visto como um sinal alarmante de uma ampla insatisfação e mal-estar, que exige respostas convincentes”, observam os organismos católicos.

As comissões ‘Justiça e Paz’ da Europa, incluindo a de Portugal, observam que a liberalização do mercado comum “não é um objetivo em si mesmo”.

“É inaceitável, numa Europa que se pretende modelo de progresso social e onde não faltam recursos, a persistência de elevados níveis de pobreza em vários países. Como não é aceitável a persistência de níveis elevados de desemprego”, alertam.

O ponto 4.º sugere que a Comissão Europeia e os parceiros sociais – sindicatos e empresas – organizem uma “Conferência Europeia do Trabalho” para analisarem “ideias relativas aos salários, ao seguro de trabalho e à criação de emprego”, na perspetiva da alteração da “economia de mercado europeia” pela “revolução digital”.

A Conferência Europeia das Comissões de Justiça e Paz aponta como aspeto negativo da globalização a “cada vez menor tributação de multinacionais e indivíduos muito ricos” e, neste âmbito, confia e espera que os Estados-Membros da UE possam chegar a acordo sobre “regras comuns de cálculo dos lucros das empresas”, ao longo deste ano.

Os organismos Justiça e Paz da Igreja Católica na Europa recordam que o Papa Francisco na encíclica ‘Laudato si’ apela a uma "revolução cultural" quanto ao “estilo de vida” das pessoas e às suas consequências para o ambiente.

Já o número nove propõe que a União Europeia reforce a sua “política comum de segurança e defesa”, bem como “politicas de promoção da paz”.

Na décima e última proposta política, a Justiça e Paz Europa observa que as instituições europeias são “regularmente acusadas de ser não-democráticas”, uma situação que “pode e deve ser melhorada”.

No documento, disponível na página da Comissão Nacional Justiça e Paz, na rede social Facebook, é manifestada a disponibilidade da Igreja Católica de colaborar “com todos os que lutam pelo bem comum” para “ajudar a reavivar o espírito europeu de paz”.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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