José Miguel Sardica comenta a queda do Muro de Berlim
Lisboa, 21 nov 2014 (Ecclesia) – O diretor da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa (UCP), José Miguel Sardica, afirmou o caminho para impedir a construção de novos muros passa pelo “ecumenismo” proposto pelo Papa Francisco.
“A iniciação a um ecumenismo, que é social e também político, é o caminho para superarmos diferendos diplomático e impedir a construção de muros, sejam em Israel, na Ucrânia, seja nos Estados Unidos em relação ao México”, numa lógica que perpetua “a velha divisão entre norte e sul, ricos e pobres, os que aceitamos integrar e os que colocamos à margem”, afirmou o professor universitário numa análise aos 25 anos da queda do Muro de Berlim, a 9 de novembro.
Há um quarto de século caía o muro que separava a República Democrática Alemã e a República Federal da Alemanha, construído durante a Guerra Fria.
O Papa Francisco, recordando esta efeméride, apelou a uma "cultura do encontro, capaz de fazer cair todos os muros que ainda dividem o mundo".
O docente universitário sublinha as mudanças significativas em termos de “liberdade” e de “afirmação de democracia” que a queda do Muro possibilitou, mas indica ter “colocado novos desafios” que os “atuais líderes” não sabem responder.
“A tensão entre a Europa e a Rússia pode significar uma reificação de uma guerra civil já não se via há muito tempo. Não há muros visíveis que a Ucrânia tenha erguido, mas existe um muro psicológico e ideológico entre a Europa da Nato e a Rússia”.
Para o colaborador da Ecclesia as lideranças europeias são hoje “mais fracas”.
“Os contextos são diferentes mas a diversidade europeia coloca hoje desafios à coesão que não colocava há 25 anos” e, sublinha, a incerteza na política da Europa “em relação a Vladimir Putin e sobre a Rússia é maior hoje do que era há cinco ou 10 anos”.
Portugal é exemplo do “ceticismo” que a política europeia gera atualmente, quando há 25 anos “atraía e inspirava tantos seguidores”.
José Miguel Sardica integra um grupo de colaborares da ECCLESIA que semanalmente comentam a atualidade informativa no programa de rádio emitido às 6 horas na Antena 1.
LS