A Semana da Unidade será um momento privilegiado para Portugal acordar para as suas responsabilidades ecuménicas Estava o Muro de Berlim a cair quando Basileia (na Suiça) acolheu a 1ª Assembleia Ecuménica Europeia, naquele ano de 1989. Eu estudava Ciência das Religiões, em Paris, e segui a Assembleia pela comunicação social. O tema, ‘Justiça, Paz e Integridade da Criação’, colocou os cristãos a trabalhar pela (re)construção de um mundo mais pacífico e justo, trazendo para a ribalta a questão ecológica. Fui ordenado Padre e parti para Angola onde encontrei a guerra civil e terríveis atentados ecológicos, desde a destruição massiva das florestas à utilização de químicos nos bombardeamentos. As questões abordadas em Basileia ganhavam uma força extraordinária. Graz, ponte entre o Leste e o Ocidente Quando regressei a Portugal, estava em preparação a II Assembleia Ecuménica Europeia. Fui convocado para Graz, em 1997. Esta cidade da Áustria faz ponte entre o Ocidente e o Leste da Europa. O tema, ‘Reconciliação: dom de Deus e Fonte de Vida Nova’ atraiu dez mil pessoas que puderam ouvir grandes conferências, escutar testemunhos fortes, visitar a ‘agora’ com muitos stands, participar em numerosos ateliers e carrefours. O Papa não esteve, mas veio da Rússia o Patriarca Alexis II. Participou também o Irmão Roger, de Taizé. Recordo com emoção a minha participação numa das cerca de cem iniciativas do ‘Come together’ que permitia conhecer situações humanas onde a reconciliação faz caminho. Pude ir até à Hungria onde encontrei croatas, húngaros, austríacos e eslovenos a reatar laços que a ‘cortina de ferro’ destruíra. Agora, foi a festa do re-encontro, com a implantação solene de uma cruz alta, junto á fronteira com a Áustria, ali mesmo onde, até 1989, estava o arame farpado daquela vedação de morte e opressão. A Mensagem Final propõe compromissos às Igrejas: proclamar e defender sem equívocos os direitos humanos; exprimir o seu compromisso em favor da justiça social e a solidariedade com as vítimas da injustiça social; opor-se aos sistemas económicos que trazem os efeitos perversos da globalização. Portugal esteve representado por diversas Igrejas Cristãs e, num encontro por países, os participantes tomaram a decisão de continuar cá o espírito de Graz. Assim se compreende a realização do I Fórum Ecuménico Jovem (FEJ), em Leiria, em 1999, iniciativa que não mais parou. O VIII FEJ realizou-se na Guarda, em Outubro passado e já se integrou na vivência da III Assembleia Ecuménica Europeia que tem como ponto de chegada a cidade de Sibiu, na Roménia, em Setembro próximo. III Assembleia… a caminho de Sibiu Sibiu, na Roménia, bastião da Igreja Ortodoxa, acolhe o grande momento da III Assembleia Ecuménica Europeia, com o tema ‘A Luz de Cristo ilumina todos. Esperança para a Renovação e Unidade da Europa’. A novidade desta Assembleia é que foi organizada em quatro partes: a primeira decorreu em Roma, em Fevereiro de 2006, acontecendo em bastião da Igreja Católica. A segunda vai realizar-se em Fevereiro próximo em Wittenberg, local simbólico para as Igrejas Protestantes. A terceira é vivida em toda a Europa, através dos acontecimentos organizados com este espírito e a partir deste tema (por exemplo, em Portugal, o VIII FEJ, seguido da Peregrinação Nacional da Cruz e do Círio Ecuménicos…). A quarta, como cereja em cima do bolo, será em Sibiu. Aí se encontrarão numerosos delegados de todos os países ‘do Atlântico aos Urais, do Cabo Norte ao Mediterrâneo’, como diz a ‘Charta Oecumenica’ para a Europa, um dos frutos mais significativos de Basileia e Graz, posta no papel pelo Conselho das Conferências Episcopais da Europa e pela conferência das Igrejas Europeias. A Semana da Unidade, de 18 a 25 de Janeiro, realiza-se numa escala mais larga, pois tem as dimensões do mundo. Será, contudo, um momento privilegiado para Portugal acordar para as suas responsabilidades ecuménicas e preparar-se a sério para que Sibiu ajude a construir mais comunhão e renove a nossa Missão de cristãos no mundo. Tony Neves, Equipa Ecuménica Jovem