Europa: Desafios à preservação do património religioso devem «unir» cristãos, judeus e muçulmanos

José António Falcão é o primeiro português à frente da Comissão Internacional de Arte Sacra da «Europae Thesauri»

Beja, 21 dez 2016 (Ecclesia) – A Comissão Internacional de Arte Sacra, organismo inserido na associação ‘Europae Thesauri’ que congrega museus e monumentos de todo o continente, tem pela primeira vez um responsável português.

A escolha recaiu em José António Falcão, professor universitário, conservador de museus e diretor do Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja, que em entrevista à Agência ECCLESIA já traçou as linhas gerais do seu projeto, para os próximos três anos.

Para aquele responsável, “neste momento levantam-se grandes desafios à preservação do património artístico por toda a Europa” e “o património religioso partilha a primeira linha dessas preocupações”.

“No que diz respeito à arte cristã, notamos hoje um conjunto de dificuldades de compreensão, de atos de vandalismo e até às vezes de omissões deliberadas que não podem passar sem resposta”, frisou José António Falcão, que quer unir as comunidades cristãs, judaicas e muçulmanas, “pilares da identidade europeia”, na resposta a esses desafios.

Que elas “possam convergir nos seus esforços para que monumentos, museus, obras de arte, bibliotecas, arquivos e tantos outros patrimónios, tantas outras manifestações culturais, possam ter a atenção devida”, exortou.

Ainda no que toca à compreensão da arte religiosa, José António Falcão alerta que se nada for feito este género de património acabará por “ser olhado apenas na sua dimensão plástica ou estética”, perdendo-se a sua “mensagem mais profunda”.

O especialista realçou a importância de fomentar “a investigação” e de comunicar, explicar a razão de ser deste património, que tem por base a fé, a um “público alargado”.

Seja através da aposta em “exposições, séries de televisão ou de rádio e boas publicações”, seja através de uma maior “aproximação ao mundo académico”.

Com sede na Catedral de Liège, na Bélgica, a associação “Europae Thesauri” conta com responsáveis de países como a Alemanha, Bélgica, Espanha, França, Itália, Luxemburgo, Países Baixos, Portugal, Reino Unido, Roménia e Suíça.

Entre outras funções, tem como objetivo trabalhar junto das instâncias europeias “para a salvaguarda do património cultural em risco, para o aprofundamento e divulgação dos apoios e mecanismos comunitários que regulam o sector”, para o reforço da “investigação científica e a criação de rotas culturais”.

José António Falcão destaca a importância da participação da “sociedade civil no sentido de alertar para alguns problemas comuns a todo o continente”, que envolvem também questões como “a desertificação de territórios de baixa densidade”.

“Sabemos bem aqui em Portugal o que é isso, também os nossos vizinhos espanhóis”, aponta o novo presidente da Comissão Internacional de Arte Sacra da associação ‘Europa Thesauri’, que acredita que Portugal e Espanha podem colaborar de forma muito positiva neste setor.

“Dispõem, quanto ao património religioso, de um currículo, de uma experiência e até de um prestígio em termos internacionais que permite fazer chegar mais facilmente esta mensagem aos seus destinatários”, concluiu.

JCP

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Agência ECCLESIA

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