Patriarcado acolhe encontro de responsáveis cristãos que lança olhar para lá da economia
Lisboa, 04 jun 2012 (Ecclesia) – ‘Crise económica e pobreza: desafios para a Europa hoje’ é o tema do 3.º Fórum Católico e Ortodoxo que entre terça e sexta-feira vai trazer a Lisboa dezenas de figuras do clero das duas Igrejas.
“O objetivo é olharmos juntos para a crise que estamos quase todos a viver em toda a Europa, procurando – e esta é a novidade cristã – perceber as causas e as soluções que vão para além da economia”, explicou à Agência ECCLESIA o secretário-geral do Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE), padre Duarte da Cunha.
Em comunicado hoje publicado pelo CCEE, o presidente deste organismo, cardeal Péter Erdo, sublinha que o atual declínio económico coloca em risco os próprios “modelos de sociedade” na Europa, mas constitui “apenas a ponta do icebergue e tem origens muito mais profundas”.
O arcebispo de Budapeste destaca “as graves consequências negativas ético-morais” de modelos antropológicos e culturais “errados” que afetam “ambientes sociais, políticos e económicos”.
A iniciativa inicia-se esta terça-feira, às 17h30, numa sessão aberta aos jornalistas no seminário dos Dehonianos em Alfragide (Concelho da Amadora), mas o resto do encontro vai decorrer à porta fechada, com a publicação de um comunicado no final dos trabalhos.
O programa prevê que os participantes estejam presentes esta quinta-feira na Sé de Lisboa para a missa do Corpo de Deus presidida pelo cardeal-patriarca, D. José Policarpo, às 11h30.
O encontro inclui também uma oração ecuménica no Colégio do Bom Sucesso, em Lisboa, às 19h00 de quarta-feira, aberta ao público.
A lista de participantes ortodoxos integra prelados de patriarcados e dioceses da Península Ibérica, Grécia, Rússia, Roménia, Polónia, República Checa, Eslováquia, Sérvia, Geórgia, Albânia e Chipre.
Do lado católico espera-se, para além da presença do presidente da CCEE, a participação de arcebispos e bispos da Alemanha, Bélgica, Bielorrússia, Bósnia-Herzegovina, Escócia, Espanha, França, Itália, Rússia e Ucrânia.
O padre Duarte da Cunha considera que “há um empobrecimento da espiritualidade, sobretudo da fé e da prática da relação com Deus, o que gera instabilidade social, egoísmo e falta de ética, fatores que conduzem à crise”.
Por outro lado as dificuldades “levam as pessoas a estarem de tal maneira aflitas que muitas vezes se esquecem de olhar para o que está para além das circunstâncias do momento, ou seja, para Deus, para os valores permanentes, para a Igreja e para a caridade”, acrescentou.
Uma das duas intervenções sobre a relação da pobreza com a justiça social vai ser proferida por um leigo, o grego Christos Tsironis.
A prioridade do fórum, que desde 2008 junta clero e leigos da Europa a cada dois anos, é deixar “um olhar de esperança”, assinala o secretário da CCEE.
“A nossa intenção é valorizar o que tem sido feito de bom nas obras que nascem da fé e que se concretizam no apoio à erradicação da pobreza, desenvolvimento e educação, entre outras dimensões”, acrescenta o sacerdote português.
Este responsável está convicto de que os fóruns, organizados alternadamente por católicos e ortodoxos, “têm gerado proximidade”.
“Por vezes as relações a nível local não são fáceis e estes encontros têm promovido alguma corresponsabilidade ao nível dos desafios comuns, além de gerarem uma grande sintonia em muitos aspetos. Numa Europa secularizada esta voz comum talvez seja o mais importante que podemos oferecer agora”, referiu.
RJM/OC