Organização vai participar na próxima audiência pública de quarta-feira com o Papa Francisco
Lisboa, 10 set 2015 (Ecclesia) – A diretora executiva da Fundação Fé e Cooperação (FEC) considera, sobre a vaga de refugiados, que a “dignidade humana” é um tema “nunca resolvido” e alerta para a necessidade dum trabalho “preventivo, de desenvolvimento” nos países de origem.
“Os fluxos migratórios são questões complexas e embora não trabalhemos diretamente com as pessoas que emigram e chegam à Europa, trabalhamos e vemos, claramente, que quando há desenvolvimento social, económico nos seus países as pessoas querem ficar, criar a sua família, ter trabalho”, revela Susana Réfega com base no trabalho desenvolvido pela FEC em países lusófonos.
À Agência ECCLESIA, a diretora executiva da fundação da Conferência Episcopal Portuguesa considera que a ajuda da Europa deve “apostar mais na cooperação e ajuda ao desenvolvimento”, sem esperar por situações extremas.
“Muitas vezes tem sido apenas reativa e pouco proativa. Não vamos conseguir resolver situações a três, cinco anos. Termos a noção do tempo que exige a mudança social é também importante”, observa, dando como exemplo que uma reforma “efetiva” na educação é preciso “esperar que toda uma geração consiga beber dessa educação, são décadas”.
Para Susana Réfega entre as pessoas que estão a tentar entrar na Europa existem refugiados, “por questões políticas, de perseguição, de guerra”, mas também “migrantes económicos” que procuram novas condições para viver.
“O nosso trabalho é preventivo porque havendo desenvolvimento nestes países, menos diferenças de riqueza entre a Europa, América do Norte e resto do planeta, com certeza, haverá menos pessoas a sair dos seus países”, acrescenta.
A Fundação Fé e Cooperação está a assinalar 25 anos de existência em 2015 e nesse contexto celebrativo 18 elementos da equipa de Lisboa e um colaborador guineense vão estar com o Papa Francisco na próxima audiência pública semanal, a 16 de setembro.
“Vamos sobretudo pedir a sua bênção para a nossa organização, para o nosso trabalho mas também colocarmo-nos como sempre à disposição e ao serviço da Igreja e dos desafios das comunidades hoje em dia”, explica a diretora executiva da Organização Não-Governamental para o Desenvolvimento.
Susana Réfega adiantou à Agência ECCLESIA que vão entregar ao Papa publicações do trabalho sobre o trabalho desenvolvido pela FEC e um "pano pente", típico da Guiné-Bissau, usado nas celebrações litúrgicas.
“Será um momento claramente de celebração de muita emoção para nós e para a nossa equipa e também de confiança. Vamos confiar as nossas intenções, preocupações, sonhos, nesta comunhão que é a Igreja e junto do Papa Francisco que nos tem inspirado desde o início do seu pontificado”, desenvolve a responsável, acrescentando que vão ter presente a “atual situação política” da Guiné-Bissau nas suas orações.
Durante a estadia em Roma, a fundação da Conferência Episcopal Portuguesa vai aproveitar para se encontrar com a sua congénere italiana a FOCSIV (Federazione Organismi Cristiani di Servizio Internazionale Volontario).
Ao longo de 25 anos tem apostado na promoção do desenvolvimento humano integral nos países lusófonos, através da cooperação e solidariedade entre pessoas, comunidades, igrejas, inspirados pelo Evangelho e a Doutrina Social da Igreja (DSI).
“Muito do nosso trabalho é encontrar a coerência entre aquilo que a fé nos move a fazer e também a DSI em particular. É um trabalho que fazemos em Portugal para além das comunidades na Guiné-Bissau, Angola e Moçambique”, reforça a diretora executiva da FEC.
HM/CB