Lisboa, 09 mai 2011 (Ecclesia) – O jornalista Francisco Sarsfield Cabral, especialista em assuntos económicos e políticos, considerou hoje que a atual crise da “dívida soberana” da Grécia, da Irlanda e de Portugal pode colocar em causa o futuro da União Europeia.
Assinalando o 61.º aniversário da declaração do então ministro dos Negócios Estrangeiros de França, Robert Schuman, sobre a integração europeia (na altura, no carvão e no aço), celebrada a 9 de maio como o «Dia da Europa», o jornalista afirma que a data “não acontece numa fase animadora”.
“É certo que a CEE, e depois a União Europeia, já passaram por muitas crises, entretanto superadas. Mas a crise actual parece mais funda e mais preocupante”, afirma.
Em texto publicado na mais recente edição do semanário Agência ECCLESIA, Sarsfield Cabral sublinha a “timidez em encontrar uma resposta europeia para essa crise”.
Existe o risco de a União entrar num processo de desagregação. Ora a desintegração europeia seria uma tragédia, até porque representaria desperdiçar um modelo original, muito invejado noutros continentes, de partilhar soberania entre Estados nacionais”, alerta.
Para o especialista, numa altura em que os Estados “perdem poder face às forças económicas no quadro da globalização”, a União Europeia “oferece uma via única para que a democracia e a sobreposição do poder político ao poder económico sejam efetivas”.
“Para isso, porém, são preciso líderes com visão de futuro e capazes de mobilizar uma opinião pública cada vez mais eurocéptica em torno do projecto europeu. A integração europeia ou renasce ou morre”, aponta.
Sarsfield Cabral aponta o dedo ao “autêntico ‘Directório’ de um só país que a Alemanha hoje representa na UE, em prejuízo da Comissão Europeia, tradicional aliada dos Estados membros pequenos e médios”.
O analista refere ainda que nas questões das migrações “não há uma política europeia” e algumas políticas nacionais rendem-se “à extrema-direita xenófoba e racista”.
OC