Europa: Comissões Justiça e Paz alertam para situações de pobreza, exclusão e crise migratória

«Liberdade é um projeto interminável no qual devemos trabalhar todos os dias», assinalam responsáveis católicos, 30 anos após a queda do Muro de Berlim

Bratislava, Eslováquia, 16 out 2019 (Ecclesia) – As Comissões Europeias Justiça e Paz, da Igreja Católica, afirmaram em comunicado conjunto que “a liberdade é um projeto interminável”, a “trabalhar todos os dias”, e alertam para problemas como “pobreza e exclusão, migração e tratamento de injustiças passadas”.

“Como Igreja, orientamo-nos na crença de que todo ser humano é feito à imagem de Deus. Cada pessoa deve ser respeitada e sua liberdade protegida, especialmente protegendo a liberdade dos pobres e daqueles que são desfavorecidos, excluídos e desprivilegiados”, lê-se no comunicado final do encontro internacional realizado em Bratislava, enviado hoje à Agência ECCLESIA.

A Conferência das Comissões Europeias de Justiça e Paz assinala que é preciso trabalhar em “solidariedade para encontrar soluções comuns” para os desafios da liberdade e contextualiza que aprenderam com a experiência europeia do totalitarismo que “a liberdade de expressão, crença, propriedade e movimento são cruciais para reconhecer a imagem de Deus em todas as pessoas”.

Neste contexto, os participantes explicam que o seu trabalho é “desafiar e incentivar” a Igreja, governos, grupos cívicos e todos os cidadãos a “promover a paz, a justiça e a verdade”, que deve ser feito a nível individual de “escuta e construção de relacionamentos”, mas também a nível estrutural do governo e da formulação de políticas públicas.

“Em particular, a educação (o ensino da História e seu impacto nos dias de hoje), bem como a promoção do pensamento crítico e espaços seguros para o diálogo, são essenciais para uma Europa livre definida por direitos humanos, reconciliação e solidariedade”, desenvolve.

O encontro internacional, de 11 a 14 de outubro de 2019, realizou-se na capital da Eslováquia, onde os participantes sublinharam que “dizer a verdade” e justiça para quem foi vítima do regime comunista “é fundamental para uma sociedade livre”.

“Aprendemos que ouvir as histórias, especialmente as dolorosas, daqueles que sofreram e assumiram riscos, é o ponto de partida para a liberdade. A liberdade só é possível com um processo real e profundo de reconciliação e a possibilidade de perdão”, realça o comunicado final.

Segundo a Conferência das Comissões Europeias de Justiça e Paz, a integração da comunidade cigana “também é um desafio à liberdade”, por causa da discriminação que lhe dificulta o acesso à “educação, serviços de saúde, habitação social e emprego”.

30 anos depois da queda do Muro de Berlim, acrescentam os responsáveis, a “liberdade, justiça e reconciliação envolvem mais do que remover cortinas de ferro”.

“Agora percebemos que a liberdade é um projeto interminável no qual devemos trabalhar todos os dias”, refere o documento intitulado ‘Europa vivendo juntos – lições da Eslováquia; Paz, justiça e verdade após a queda da cortina de ferro’.

A ‘Justice and Peace Europe’, da Igreja Católica, é uma rede de 31 Comissões Nacionais de Justiça e Paz, incluindo a portuguesa, que tem como temas centrais “a luta contra a pobreza e os direitos humanos, paz, reconciliação, desenvolvimento e cuidado com a criação”.

CB/OC

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