Milhões de ciganos na Europa vivem em situação de extrema pobreza. A denúncia parte de D. Agostino Marchetto, secretário do Conselho Pontifício da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes, na véspera do encontro dos directores nacionais da Pastoral dos ciganos na Europa, que se realiza a partir desta Terça-feira, dia 2, até ao dia 4 de Março.
Em entrevista à rádio Vaticano, o secretário deste organismo da Santa Sé, indica que a situação de pobreza é agravada pelo clima de tensão e de hostilidade que existe contra esta população. “A Igreja tem a obrigação de trabalhar pela defesa da dignidade deles e dos seus direitos, recordando-lhes, ao mesmo tempo, os seus deveres civis”, refere.
A discriminação que a população cigana sofre por parte da sociedade civil conduz a uma “exclusão das comunidades paroquiais”. D. Agostino Marchetto afirma ser precisa uma “pastoral específica” para esta população. Assinala, no entanto, que “infelizmente, nem todos os bispos e párocos percebem essa urgência”.
O encontro que congrega responsáveis nacionais da Europa tem como tema «Solicitude da Igreja para com os ciganos: situação e perspectivas» e deverá fazer eco do trabalho realizado pela Igreja junto desta população.
Segundo o secretário deste Conselho Pontifício, a Igreja “está presente entre os ciganos com uma pastoral específica, que leva em consideração as suas peculiaridades culturais e respeita a sua identidade e diversidade”, tal como pede o Concílio Ecuménico Vaticano II.
Em França, existem mais de 100 agentes da pastoral, “entre os quais dois sacerdotes, diáconos permanentes, acólitos e leitores de etnia Manouche”, indicou D. Marchetto. “Muitos deles partilham o modo de viver dos ciganos, vivendo nos acampamentos, em caravanas, criando as chamadas «comunidades-pontes», participando nos sofrimentos e preocupações diárias dos ciganos e desenvolvendo laços de solidariedade e comunhão fraterna”.