«A guerra atingiu o próprio coração da sociedade ucraniana, e este coração é a família», disse bispo Bohdan Dzyurakh
Gallusstrasse, Suíça, 25 set 2023 (Ecclesia) – Os Bispos Católicos Orientais da Europa refletiram sobre a família no contexto destas Igrejas, sem esquecer os efeitos da guerra, no seu encontro anual, realizado de 18 a 21 de setembro, em Atenas, na capital da Grécia.
“Hoje, as famílias ucranianas sofrem mais pesado e mais doloroso golpe desta guerra desumana e bárbara. 14 milhões de pessoas, na sua maioria mulheres, crianças e idosos, foram forçados a fugir das suas casas e locais de origem. A guerra atingiu o próprio coração da sociedade ucraniana, e este coração é a família”, disse o bispo Bohdan Dzyurakh, informa o Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE).
Segundo o comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA, pelo CCEE, o exarca apostólico dos Ucranianos de Rito Bizantino na Alemanha e Escandinávia explicou que o apoio e assistência espiritual, psicológico e social às famílias continuará a ser o foco principal das “reuniões sinodais e de todo o trabalho pastoral na Ucrânia e no exterior”.
“Estamos em posição e, estou firmemente convencido, resistiremos às provações de hoje porque somos sustentados por o poder da fé e a graça de Deus. Contamos também com o apoio e a solidariedade dos europeus, especialmente os nossos irmãos e irmãs na fé e milhões de pessoas de boa vontade”, desenvolveu D. Bohdan Dzyurakh.
‘A Família no contexto das Igrejas Orientais Católicas na Europa’ foi o tema do encontro anual dos Bispos Católicos Orientais da Europa de 18 a 21 de setembro, em Atenas, Grécia; Estiveram presentes o núncio apostólico na Grécia, D. Jan Romeo Pawłowski, o presidente do CCEE, D. Gintaras Grusas, arcebispo de Vilnius (Lituânia), e o padre Michel Jalakh, secretário do Dicastério para as Igrejas Orientais, da Santa Sé.
A CCEE informa que este encontro contou com a presença de mais de 60 bispos e sacerdotes representantes das Igrejas Católicas Orientais da Ucrânia, Roménia, Hungria, Eslováquia, Bulgária, Sérvia, Croácia, Alemanha e países escandinavos, arménio grego e bizantino, Bielorrússia, Chipre, Itália e representantes da Igreja Siro-Malabar e da Igreja Síria-Católica, na diáspora europeia.
D. Milan Lach, bispo auxiliar da Eparquia (correspondente às dioceses em Portugal) de Bratislava (Eslováquia) apresentou os problemas atuais vividos pelas famílias católicas orientais e afirmou que “há uma luta pela família”.
“Se a família sobreviver, a sociedade sobreviverá. Se a família não sobrevive, a sociedade também não sobrevive. A função da família é fazer com que cada um dos seus membros se torne uma pessoa madura, com claro sentido da sua própria identidade e, consequentemente, capaz de intimidade”, explicou.
D. Milan Lach observou que como as pessoas não conseguem construir a sua identidade na solidão, têm na família o primeiro e privilegiado lugar que permite essa construção, por isso, o acompanhamento das famílias deve ser uma das prioridades da Igreja e sugeriu a criação de uma comunidade para as famílias jovens nas paróquias, para que enfrentem sozinhas os problemas e desafios da vida de casal após o casamento.
“Nas Igrejas Orientais, um modelo para inspirar o amor nas nossas famílias encontra-se na Santíssima Trindade, que é o amor das Pessoas Divinas entre si”, referiu o bispo auxiliar da Eparquia de Bratislava.
O diácono János Nyirán, da Igreja Metropolitana de Hajdudorog (Hungria), refletiu sobre a relação entre o bispo e o clero casado, apresentando os muitos problemas e desafios que também enfrentam as famílias dos sacerdotes, nomeadamente económicos, de exemplo para os fiéis, as crises no matrimónio, o adultério, divórcio e abusos.
Segundo o comunicado, o protodiácono húngaro, casado, cinco filhos, professor de profissão, entre as soluções indicadas, estão a promoção de iniciativas de formação contínua, acompanhamento psicológico de especialistas qualificados, formulação de códigos de conduta obrigatórios para todos, cuidar das esposas dos sacerdotes e acompanhar os filhos.
‘A humanidade do sacerdote. A relação entre o bispo e o seu clero’ é o tema do próximo encontro que se vai realizar em Oradea, na Roménia, de 17 a 19 de setembro de 2024, informa o Conselho das Conferências Episcopais da Europa.
CB/PR