Viver com mais imigrantes e com mais idosos é condição do «velho Continente», onde a diminuição da população é um risco A Europa precisa dos emigrantes para não envelhecer. No final do século XX e início do séc. XXI, o crescimento demográfico na Europa fica a dever-se à imigração. Entre 1996 e 2005, nasceram mais 2 milhões de pessoas do que morreram, na Europa. E entraram mais 12 milhões de pessoas do que saíram, no mesmo período. Os imigrantes são, assim, responsáveis por “um crescimento demográfico de 85 por cento”. Pelas estimativas da União Europeia (UE), se a Europa fechar as entradas ou se as saídas forem iguais às entradas, a UE diminui a população já em 2020. Para crescer a população na Europa, a imigração é inevitável. Até esse período, têm de entrar 2 milhões de pessoas de pessoas por ano. E para o rejuvenescimento da população, é preciso acolher 3 milhões de pessoas por ano. Estatísticas apresentadas no IX Encontro de Agentes Sócio-pastorais das Migrações por Jorge Malheiros, investigador do Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa, que afirmou a inevitabilidade, apesar de tudo, do envelhecimento da população na Europa. “Os imigrantes são muito importantes para o crescimento demográfico, mas insuficientes para inverter o processo de envelhecimento da população, embora possam atenuá-lo”, referiu Jorge Malheiro, afirmando que “os próximos anos serão com mais imigrantes e também com mais idosos”, desafiando os presentes a se “adaptarem a sociedades envelhecidas”. Sendo cerca de 200 milhões os migrantes no mundo, a escolha da UE como destino cresce, nomeadamente na Europa do Sul onde a Espanha é o segundo país de destino do mundo, logo após os Estados Unidos. Caso português Considerando o período inter-censitário (1991-2001), é evidente o contributo dos imigrantes para o crescimento populacional, que passou dos 9 para os 10 milhões pessoas. “Não há crescimento da população activa se não tivermos imigração. Quer dizer, a força de trabalho não aumenta”, anotou Jorge Malheiros. Mantendo sempre a superioridade de nascimentos em relação aos óbitos, em 2008 essa relação inverteu-se: pela primeira vez, o número de nascimentos foi inferior em relação às pessoas que morreram. O que responsabiliza claramente a entrada de imigrantes pela continuidade do aumento da população; são eles também que asseguram “o volume de mão-de-obra que os países necessitam”; e, por essa via, “um maior número de contribuintes”. Fenómeno crescente na década de 90, é sobretudo perto da viragem do milénio e no início do séc. XXI que Portugal é escolhido como país de destino de muitos migrantes. Actualmente, são já as mães estrangeiras as que, proporcionalmente, mais têm contribuído para que o número de nascimentos em relação aos óbitos não se distancia, negativamente. Também porque aumentam os casamentos estáveis, também entre portugueses (as) e imigrantes. Regionalmente, e para além dos grandes centros urbanos do litoral, o Algarve e o Alentejo recebem um número crescente de imigrantes. É, no entanto, nas regiões mais desenvolvidas que os migrantes e os filhos dos imigrantes têm possibilidade percursos sociais com mais notoriedade, também por diferenciados postos de trabalho. Notícias relacionadas • Políticas de cooperação para combater o desemprego na Europa • Perder o medo diante do estrangeiro