D. Christophe Pierre assinala que seria «um reconhecimento corajoso da dignidade inalienável da pessoa humana»
Cidade do Vaticano, 02 out 2021 (Ecclesia) – O núncio apostólico nos Estados Unidos da América (EUA), D. Christophe Pierre, pediu que não seja executada a sentença de morte contra Ernest Johnson, de 61 anos, no dia 5 de outubro, como sinal da “sacralidade da vida humana”.
“Em nome do Papa Francisco, peço-lhe sinceramente que interrompa a execução do senhor Ernest Johnson”, escreveu o núncio numa carta ao governador do Estado norte-americano do Missouri, Michael I. Parson.
D. Christophe Pierre explica que o pedido “não se baseia nos fatos e circunstâncias dos crimes” de Ernest Johnson mas deseja centrar-se na sua “humanidade” e na “sacralidade de toda vida humana”.
O núncio apostólico nos EUA citou a encíclica ‘Fratelli Tutti’, do Papa Francisco: “Não desabafe o desejo de vingança contra as atrocidades dos pecadores, mas transforme sua vontade em curar as feridas”.
O responsável católico assinalou que o Estado do Missouri teve posições corajosas em apoio à dignidade da vida e salienta que que rejeitar a aplicação da pena de morte no caso de Ernest Johnson, de 61 anos, seria “um reconhecimento igualmente corajoso da dignidade inalienável da pessoa humana”.
O portal ‘Vatican News’ informa que a carta foi divulgada pela irmã Helen Prejean, religiosa norte-americana da Congregação das Irmãs de São José, que há quase 30 anos luta contra a pena de morte nos Estados Unidos da América.
Ernest Johnson foi condenado por matar três pessoas durante um assalto a um supermercado, em 1994; Os advogados pedem que a pena capital não seja executada porque ele tem uma deficiência intelectual.
A aplicação da sentença – injeção letal – está prevista para o dia 5 de outubro, na prisão Bonne Terre.
Os Estados Unidos procederam à primeira execução federal de um prisioneiro no “corredor da morte” em 17 anos, através de uma injeção letal, a 14 de julho de 2020, e os bispos católicos dos EUA promoveram uma recolha de assinaturas online para travar as execuções federais.
Em agosto de 2018, o Papa Francisco ordenou a alteração do número do Catecismo da Igreja Católica relativo à pena de morte, cuja nova redação sublinha a rejeição total desta prática; No ano anterior defendeu a “condenação enérgica da pena de morte”, um encontro com membros do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização.
“A Igreja ensina, à luz do Evangelho, que a pena de morte é inadmissível, porque atenta contra a inviolabilidade e dignidade da pessoa, e empenha-se com determinação a favor da sua abolição em todo o mundo”, pode ler-se, agora, no n.º 2267 do Catecismo.
CB