Jornalista da Renascença analisa regresso de Donald Trump e as implicações que terá no cenário internacional
Lisboa, 16 jan 2025 (Ecclesia) – O jornalista da Renascença José Pedro Frazão afirmou que a “incerteza vai marcar” todo o mandato de Donald Trump na Casa Branca, que toma posse como presidente dos Estados Unidos da América a 20 de janeiro.
“Estamos a falar de alguém [Donald Trump] que não é um político normal. Estamos a falar de alguém que é, sobretudo, um empresário e que faz política como um empresário”, afirmou no programa ECCLESIA, transmitido hoje na RTP2.
O jornalista da Renascença refere que “é preciso olhar Trump como o CEO de uma empresa”, realçando que não é por acaso que o próximo presidente dos EUA “chama pessoas do seu círculo empresarial para algumas áreas”, apontado o exemplo do próximo embaixador dos EUA em Lisboa, um empresário do setor automóvel de 60 anos, e de Elon Musk, o homem mais rico do mundo, para o governo.
José Pedro Frazão destaca que “uma das primeiras equações de Trump é interna e não externa”, e que a lista de trabalhos relacionada com o primeiro campo é “muito relevante” e se relaciona com a “estabilização da economia”.
“Quando Trump, por exemplo, propõe bloquear a importação chinesa de produtos, está a fazer uma grande aposta no sentido de perceber se os Estados Unidos, por si, conseguem esse tipo de resultados económicos sem o interesse chinês estar presente”, ressalta.
Esta é, segundo José Pedro Frazão, “uma das primeiras grandes tarefas de Trump”, do ponto de vista económico.
“Ele foi eleito pelos norte-americanos exatamente por uma questão económica, tendo em conta a inflação alta que abateu-se sobre os Estados Unidos e sobre o mundo, sobretudo depois da pandemia”, sublinhou.
Sobre as ambições territoriais de Donald Trump, mais concretamente sobre a compra da Gronelândia, o jornalista da Renascença considera que não é mais do que apenas uma forma do próximo presidente dos EUA se colocar “no tema internacional, numa área que interessa estrategicamente, por exemplo, à Rússia e à China”.
“É preciso ver o que é que, eventualmente, Trump vai mesmo fazer. Porque, além da questão chinesa, há também uma nova ordem económica e comercial que vai estar no mandato de Trump”, alerta o jornalista da RR, falando na questão do dólar e da incerteza em perceber se se mantém ou não como moeda fundamental no sistema internacional e se vai haver ou não uma guerra tarifária com o resto do mundo.
Outras questões que se colocam com o regresso de Trump à Casa Branca, salienta José Pedro Frazão, como que papel terá na guerra no Médio Oriente, o que vai acontecer na Ucrânia, e sobre a Gronelândia, se um dos fundadores da NATO (EUA) vai invadir um território da própria organização.
No que toca à Europa e se esta será uma oportunidade de ganhar alguma maturidade com Trump como presidente dos EUA, José Pedro Frazão defende que o velho continente, “do ponto de vista internacional, vale muito pouco na cabeça de Trump”.
“Não é só de Trump, já desde os últimos presidentes norte-americanos, o foco está muito para o Pacífico em relação à China”, elucida.
O jornalista da Renascença aponta algumas incertezas que podem jogar contra o plano que Trump possa ter, sendo uma delas a possibilidade “da guerra bater à porta dos norte-americanos por razões trágicas”.
“Eu acho que o pior que pode acontecer ao plano de Trump é uma guerra, porque Trump também disse aos norte-americanos que ele é o presidente da paz, e não é o presidente de guerra”, referiu.
HM/LJ