«Número dois» da Secretaria de Estado do Vaticano sublinha papel da diplomacia católica no «degelo» das relações bilaterais
Cidade do Vaticano, 18 set 2015 (Ecclesia) – O Papa Francisco vai apelar ao fim do embargo dos Estados Unidos a Cuba, indicou o “número dois” da Secretaria de Estado do Vaticano, D. Angelo Becciu, em entrevista à Tv2000, da Conferência Episcopal Italiana.
“O Papa dedicará algumas palavras em favor da revogação do embargo e continuará a encorajar” o diálogo bilateral, antecipou o substituto da Secretaria de Estado para os Assuntos Gerais.
Os Estados Unidos da América e Cuba anunciaram em dezembro de 2014 a decisão de restabelecer as relações diplomáticas e económicas entre os dois países, que tinham sido cortadas em 1961, pouco depois de chegada ao poder de Fidel Castro.
D. Angelo Becciu revela que o acordo foi assinado na Secretaria de Estado do Vaticano, diante do cardeal Pietro Parolin (secretário de Estado), “quase como garantia da palavra dada”.
Francisco elogiou em janeiro deste ano os sinais de diálogo entre os Estados Unidos da América e Cuba.
Segundo o presidente norte-americano, Barack Obama, o Vaticano e o próprio Papa Francisco intervieram diretamente neste processo, pedindo às duas partes que restabelecessem o diálogo e promovessem mudanças.
Raúl Castro, por sua vez, elogiou o papel do Papa Francisco e do Vaticano, que acolheram o encontro conclusivo de 18 meses de conversações decorridas em segredo.
D. Angelo Becciu recorda que durante 50 anos “os cubanos sofreram devido ao embargo”.
“Não é possível continuar com isto. A Santa Sé sempre se pronunciou contra o embargo, quer em Cuba como noutros países, porque quem sofre é o povo, são os pobres”, advertiu.
A décima viagem internacional de Francisco a Cuba e aos Estados Unidos da América vai decorrer a partir deste sábado até ao próximo dia 28, e inclui encontros com os presidentes dos dois países, um discurso na ONU, uma oração «ground zero» em Nova Iorque e a participação nos atos conclusivos do Encontro Mundial das Famílias 2015, na cidade norte-americana de Filadélfia.
Para o substituto da Secretaria de Estado, “a visita do Papa Francisco consolidará ainda mais este novo clima”, que levou também à mediação do Vaticano para a reabertura das relações diplomáticas.
OC