Francisco sublinha importância da diplomacia para a comunidade internacional
Cidade do Vaticano, 18 dez 2014 (Ecclesia) – O Papa manifestou hoje a sua satisfação pelo restabelecimento das relações diplomáticas entre Cuba e Estados Unidos da América, após mais de 50 anos de separação, um processo em que se envolveu pessoalmente.
“Hoje estamos todos felizes, porque vimos como dois povos, que estavam afastados há muitos anos, deram ontem [quarta-feira] um passo de aproximação. Isso foi promovido pelos embaixadores, pela diplomacia: é um trabalho nobre o vosso, muito nobre”, declarou, perante os novos representantes diplomáticos de 13 países junto da Santa Sé.
Os Estados Unidos da América e Cuba decidiram restabelecer as relações diplomáticas e económicas entre os dois países, que tinham sido cortadas em 1961, pouco depois de chegada ao poder de Fidel Castro.
Segundo o presidente norte-americano, Barack Obama, o Vaticano e o próprio Papa Francisco intervieram diretamente neste processo, pedindo às duas partes que restabelecessem o diálogo e promovessem mudanças.
“Sua Santidade, o Papa Francisco, dirigiu-me um apelo pessoal, bem como ao presidente de Cuba, Raúl Castro, pedindo-nos que resolvêssemos o caso de Alan [Gross, preso há cinco anos em Cuba] e que tivéssemos em consideração os interesses de Cuba na libertação de três agentes cubanos que estão presos nos Estados Unidos há mais de 15 anos”, revelou Obama, em conferência de imprensa.
“Quero agradecer e reconhecer o apoio do Vaticano e especialmente do Papa Francisco para a melhoria das relações entre Cuba e os Estados Unidos”, disse por sua vez Raúl Castro.
A Secretaria de Estado do Vaticano anunciou, em comunicado, que o Papa Francisco “saúda vivamente a histórica decisão” dos dois países, que restabelecem relações diplomáticas “pelo interesse dos respetivos cidadãos”, superando as “dificuldades que marcaram a sua história recente”.
A nota confirma que o pontífice argentino escreveu a Raúl Castro e Barack Obama, “convidando-os a resolver questões humanitárias de interesse comum, como a situação de alguns detidos, para dar início a uma nova fase das relações entre as partes”.
A Santa Sé recebeu em outubro delegações dos dois países em outubro deste ano, no Vaticano, oferecendo “os seus bons ofícios para favorecer um diálogo construtivo sobre temas delicados”.
Francisco disse hoje que o trabalho do embaixador “é um trabalho de pequenos passos, de pequenas coisas, mas que acabam sempre por fazer a paz, aproximar os corações dos povos, semear a fraternidade entre os povos”.
O cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado da Santa Sé, disse à Rádio Vaticano que o papel do Papa na aproximação entre os EUA e Cuba foi "determinante" para que as duas partes pudessem "encontrar um ponto de acordo, um ponto de encontro".
OC