Responsáveis criticam clima de «medo, ansiedade», «difamação», discriminação e sepração de famílias quando «gerações de imigrantes têm dado enormes contribuições» para o bem-estar do país
Baltimore, Estados Unidos da América, 13 nov 2025 (Ecclesia) – Os bispos dos Estados Unidos da América, reunidos em assembleia plenária, afirmaram que a “a dignidade humana e a segurança nacional não estão em conflito” e opõem-se à “deportação indiscriminada em massa de pessoas”.
“Dignidade humana e segurança nacional não estão em conflito. Ambas são possíveis se pessoas de boa vontade trabalharem juntas”, pode ler-se na mensagem votada na assembleia dos bispos católicos reunidos em Baltimore.
“Opomo-nos à deportação indiscriminada em massa de pessoas. Rezamos pelo fim da retórica desumanizante e da violência, seja dirigida aos imigrantes ou às forças da ordem. Oramos para que o Senhor guie os líderes da nossa nação e somos gratos pelas oportunidades passadas e presentes de diálogo com autoridades públicas e eleitas. Neste diálogo, continuaremos a defender uma reforma significativa da imigração”, afirma a nota.
Os bispos dos EUA escreveram recentemente ao Papa Leão XIV onde manifestavam a sua preocupação com a situação dos migrantes e a liberdade de culto, no país.
“Santo Padre, saiba que os bispos dos Estados Unidos, unidos na nossa preocupação, continuarão a apoiar os migrantes e a defender o direito de todos a praticar a sua religião sem intimidação”, refere o documento, publicado esta terça-feira, durante a reunião plenária da USCCB.
A mensagem, aprovada na assembleia plenária com “216 votos a favor, 5 votos contra e 3 abstenções”, reitera a necessidade de “regular fronteiras e estabelecer um sistema de imigração justo e ordenado para o bem comum”, até para evitar “risco de tráfico e outras formas de exploração”, sublinhando que as nações devem prover “caminhos seguros e legais” como “antídoto para tais riscos”.
Os bispos afirmam que “gerações de imigrantes têm dado enormes contribuições” para o bem-estar do país e que o ensino católico “exorta as nações a reconhecerem a dignidade fundamental de todas as pessoas, incluindo os imigrantes”, criticando o clima de “medo, ansiedade em torno de questões de discriminação e aplicação da lei de imigração”.
“Ficamos perturbados quando vemos entre o nosso povo um clima de medo e ansiedade em torno de questões de discriminação e aplicação da lei de imigração. Estamos tristes com o estado do debate contemporâneo e a difamação dos imigrantes. Estamos preocupados com as condições nos centros de detenção e a falta de acesso a cuidados pastorais. Lamentamos que alguns imigrantes nos Estados Unidos tenham perdido arbitrariamente o seu estatuto legal. Estamos preocupados com as ameaças contra a santidade dos locais de culto e a natureza especial dos hospitais e escolas. Ficamos tristes quando encontramos pais que temem ser detidos ao levar os seus filhos à escola e quando tentamos consolar familiares que já foram separados dos seus entes queridos”, sublinha a nota.
Os bispos reconhecem ainda o trabalho que a Igreja tem realizado no acompanhamento das pessoas imigrantes: “Observamos com gratidão que muitos dos nossos clérigos, religiosos consagrados e fiéis leigos já acompanham e ajudam os imigrantes a satisfazer as suas necessidades humanas básicas. Exortamos todas as pessoas de boa vontade a continuar e expandir esses esforços”.
A mensagem sublinha que o “ensinamento da Igreja assenta na preocupação fundamental pela pessoa humana, criada à imagem e semelhança de Deus”, que “a prioridade do Senhor, como lembram os Profetas, é para aqueles que são mais vulneráveis: a viúva, o órfão, o pobre e o estrangeiro” e que a preocupação da Igreja responde ao mandamento: “Amar como ele nos amou”.
“Nós como bispos católicos, amamos o nosso país e rezamos pela sua paz e prosperidade. Por esta mesma razão, sentimo-nos compelidos, neste ambiente, a levantar as nossas vozes em defesa da dignidade humana dada por Deus”, finaliza a mensagem.
LS
