Lígia Silveira, Agência Ecclesia
A notícia caiu inesperada. Quando todos achavam que ele faleceria em breve, Francisco resistiu; quando as aparições públicas faziam notar a sua vontade de permanecer (ou talvez estava já em despedidas), ele partiu. Não consigo deixar de notar que o falecimento do Papa aconteceu no dia seguinte à celebração conjunta da Páscoa, aquela que ele queria que permanecesse assim: num caminho de unidade. Ao mesmo tempo que ressoam os apelos à paz, a partir daquela varanda de São Pedro, o pedido pelo fim do armamento e a sua preocupação com quem sofre perante os conflitos.
De forma transversal as reações à morte do Papa Francisco fazem notar o homem líder da Igreja mas protagonista de uma liderança ética que o mundo precisa, os gestos que colocavam os pobres no centro, a aproximação às margens, a centralidade do Evangelho e das ações de Jesus, que geram respeito entre não crentes, que causam silêncio entre os que o admiravam à distância.
Percebe-se a comoção na voz com quem falamos, as fotografias que inundam as redes sociais, as palavras de admiração perante uma pessoa que trouxe para o centro a simplicidade do fim do mundo.
Eu não tenho nenhuma fotografia com o Papa Francisco, nem a recordação de por um minuto termos cruzado o olhar. Nada. Mas o sentimento de tristeza não me deixa.
Inteireza, proximidade, coragem, ética, oração, simplicidade, gestos, abraços, confiança, amor, sorriso, empatia, justiça, paz, coragem, fé, luminosidade, transparência, diálogo, processo, esperança! Todos!
Obrigada!
Lígia Silveira
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