Graham Gordon, da organização CAFOD, diz que é hora de avaliar o «grau de compromisso dos governos»
Cidade do Vaticano, 13 jul 2015 (Ecclesia) – Mais de mil delegados e centenas de ministros e chefes de Estado estão reunidos em Adis Abeba, na Etiópia, para debaterem meios de financiamento para a erradicação sustentável da pobreza no mundo.
Num comentário publicado através do site da Cáritas Internacionalis, Graham Gordon, da organização não-governamental britânica de apoio ao desenvolvimento CAFOD, diz que está na hora de conhecer “qual o grau de compromisso dos governos” quanto à resolução de “desafios globais relacionados com a pobreza, a fome, a desigualdade e as mudanças climáticas”.
Para aquele responsável, a reunião representa “uma oportunidade para o lançamento de uma agenda ambiciosa e transformadora que contrarie as injustiças estruturais do atual sistema económico global, e que assegure um desenvolvimento centrado na pessoa humana e na proteção da natureza”.
A cimeira na capital etíope, que vai decorrer até esta quinta-feira, acontece seis meses antes de uma outra, em Paris, onde vai estar em cima da mesa a temática das alterações climáticas.
Em declarações aos jornalistas, esta segunda-feira, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, exortou os dirigentes mundiais presentes em Adis Abeba a mostrarem “compromisso” e “flexibilidade” no debate do financiamento aos países mais carenciados.
O líder das Nações Unidas solicitou ainda a todos que “deixem de lado as divisões e interesses particulares para trabalharem em conjunto pelo bem-comum da humanidade”.
No entanto, na opinião de Graham Gordon, as perspetivas de que tal aconteça “não são muito encorajadoras”.
O responsável do CAFOD deu como exemplo a queda “nos últimos meses” de “propostas que tinham em vista assegurar que todos os financiamentos públicos e privados relacionados com o desenvolvimento fossem alocados às comunidades em maior necessidade”.
“Acordos para aumentar a ajuda ao desenvolvimento e às vítimas das alterações climáticas são insuficientes, tendo em conta as necessidades identificadas”, salienta Graham Gordon.
Se os líderes reunidos na Etiópia não chegarem a um acordo até quinta-feira, significará que “os governos mundiais fugiram às suas responsabilidades”.
O representante do CAFOD recorda as palavras do Papa Francisco no número 57 da encíclica “Laudato si”, onde ele questiona a preocupação dos países mais poderosos em “preservarem hoje” o seu “poder” quando este apenas “será recordado pela sua incapacidade de intervir, quando era urgente e necessário fazê-lo”.
Entre os países representados em Adis Abeba estão muitas nações que sofrem na pele o “impacto negativo” de políticas de desenvolvimento completamente desadequadas, refere Graham Gordon.
JCP