Estrasburgo: É urgente aprender lições das Guerras Mundiais, diz o Papa

Francisco levou apelos de paz ao Conselho da Europa

Estrasburgo, França, 25 nov 2014 (Ecclesia) – O Papa Francisco disse hoje na sede do Conselho da Europa, em Estrasburgo, que é necessário aprender com as lições das duas Guerras Mundiais do século XX para defender a paz.

“O caminho privilegiado para a paz – para evitar que volte a acontecer o que sucedeu nas duas guerras mundiais do século passado –é reconhecer no outro, não um inimigo a combater, mas um irmão a acolher. Trata-se de um processo contínuo, que não se pode jamais dar como plenamente alcançado”, declarou, no segundo discurso que proferiu na cidade francesa, depois de ter falado no Parlamento Europeu.

Francisco foi recebido no Conselho da Europa por Thorbjorn Jagland, secretário-geral da instituição, que falou do Papa como uma “grande inspiração”, e pela presidente suíça da assembleia parlamentar, Anne Brasseur, antes de falar nesta organização internacional fundada a 5 de maio de 1949, a mais antiga instituição europeia em funcionamento, com 47 Estados-membros.

“Para conquistar o bem da paz é preciso, antes de mais nada, educar para ela, desterrando uma cultura do conflito que visa amedrontar o outro, marginalizar quem pensa ou vive de forma diferente”, apelou o Papa.

Francisco começou por saudar a assembleia parlamentar do Conselho da Europa, os representantes dos Estados-membros, os juízes do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem e as diferentes instituições que compõem a instituição, onde foi recebido com uma ovação de pé.

O primeiro Papa não-europeu em mais de mil anos elogiou o ideal de “unidade” que animou a história do Velho Continente e assinalou, neste contexto, o papel desempenhado nos últimos 65 anos pelo Conselho da Europa “em favor da paz, da liberdade e da dignidade humana”.

“Ao longo dos séculos, porém, muitas vezes prevaleceram ímpetos particularistas conotados com as diversas vontades hegemónicas que se iam sucedendo”, alertou, recordando os efeitos da II Guerra Mundial e da ‘Cortina de Ferro’ que, a seguir, dividiu a Europa.

A paz, precisou, é um bem que se tem de “conquistar continuamente” e exige “uma vigilância absoluta”.

“A construção da paz exige que se privilegiem as ações que geram novos dinamismos na sociedade e envolvem outras pessoas e grupos que hão de desenvolvê-los até frutificarem em importantes acontecimentos históricos”, assinalou.

Francisco observou que, “infelizmente”, a paz ainda é ferida “muitas vezes” em todo o mundo e também na Europa, “onde não cessam as tensões”.

“Quanto sofrimento e quantos mortos há ainda neste Continente, que anseia pela paz e contudo volta facilmente a cair nas tentações de outrora! Por isso, é importante e encorajador o trabalho do Conselho da Europa na busca de uma solução política para as crises em curso”, declarou, numa referência indireta às tensões no leste da Ucrânia.

“Não basta uma paz imposta, uma paz utilitária e provisória. É necessário tender para uma paz amada, livre e fraterna”, prosseguiu.

Francisco afirmou que a Santa Sé pretende continuar a colaborar com o Conselho da Europa, “forjar a mentalidade” das futuras gerações em favor da paz.

“Os meus votos para Europa são de que, redescobrindo o seu património histórico e a profundidade das suas raízes, assumindo a sua viva multipolaridade e o fenómeno da transversalidade dialogante, encontre novamente aquela juventude de espírito que a tornou fecunda e grande”, concluiu.

Esta é a segunda viagem internacional do atual pontificado na Europa, após a visita à Albânia, no dia 21 de setembro, e mais curta de um Papa no estrangeiro, com uma duração de cerca de quatro horas.

OC

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Agência ECCLESIA

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