Estónia: Papa assume necessidade de transparência e honestidade para enfrentar «escândalos económicos e sexuais» que afastam as pessoas (c/vídeo)

Francisco responde a anseios manifestados pelos jovens, em encontro ecuménico

Talin, 25 set 2018 (Ecclesia) – O Papa Francisco disse hoje na Estónia que a Igreja Católica tem de agir com transparência e honestidade para enfrentar os “escândalos económicos e sexuais” que afastam aspessoas das comunidades.

“Indignam-se com os escândalos económicos e sexuais contra os quais não veem uma clara condenação, o não saber interpretar adequadamente a vida e a sensibilidade dos jovens por falta de preparação, ou o papel simplesmente passivo que lhes atribuímos”, sublinhou, num encontro ecuménico com jovens de várias igrejas cristãs, em Talin.

A intervenção retomou vários dos alertas deixados pelo documento de trabalho do próximo Sínodo dos Bispos (3-28 de outubro), dedicado às novas gerações, com contributos de jovens de várias proveniências e convicções religiosas.

“Queremos dar-lhes resposta, queremos ser – como vós mesmos dizeis – uma ‘comunidade transparente, acolhedora, honesta, atraente, comunicativa, acessível, alegre e interativa’. Isto é, uma comunidade sem medo, os medos fecham-nos”, assumiu Francisco.

Falando na Kaarli Lutheran Church, o Papa afirmou, de improviso, que uma comunidade cristã é verdadeiramente cristã, “não faz proselitismo”.

“Escuta, recebe, acompanha, faz caminho, mas não impõe”, precisou.

O pontífice admitiu que, para muitos jovens, a Igreja deixou de ser uma referência de sentido para a vida.

“Quando nós, adultos, nos fechamos a uma realidade que é já um facto, dizeis-nos com ousadia: ‘Não o vedes?’. E alguns mais decididos têm a coragem de dizer: ‘Não vos dais conta de que já ninguém vos escuta, nem acredita em vós?’”, referiu.

Aqui, hoje, quero-vos dizer que desejamos chorar convosco, se estais a chorar; acompanhar com os nossos aplausos e nossos sorrisos as vossas alegrias; ajudar-vos a viver o seguimento do Senhor”.

O encontro contou com a presença do único bispo católico do país, o administrador apostólico de Talin, que acompanha uma comunidade com cerca de 6 mil pessoas (0,5% da população).

Os participantes ouviram testemunhos de jovens das várias confissões cristãs presentes, convidados pelo Papa a uma relação de “peregrinos que fazem o caminho juntos”.

“Todos têm algo a dizer-nos”, observou.

Francisco assinalou que, na consulta preliminar do Sínodo dos Bispos 2018, que vai refletir sobre os jovens, muitos “pedem que alguém os acompanhe e compreenda sem julgar”.

“Precisamos de nos converter, de descobrir que, para estar ao vosso lado, temos derrubar muitas situações que, em última análise, são aquelas que vos afastam. Sabemos – assim no-lo dissestes vós – que muitos jovens não nos pedem nada, porque não nos consideram interlocutores significativos na sua existência”, disse.

O amor não está morto; chama-nos e envia-nos. Exige apenas que abramos o coração. Peçamos a força apostólica de levar o Evangelho aos outros – oferecê-lo, não impô-lo –  e renunciar a fazer da nossa vida cristã um museu de recordações”.

Após o encontro ecuménico, o Papa seguiu para o Convento das Irmãs Brigidinas, em Talin, para almoçar com a sua comitiva, antes de um encontro com pessoas ajudadas pelas instituições católicas de solidariedade, na Catedral dos Santos Pedro e Paulo.

A Missa conclusiva decorre na Praça da Liberdade, num ano em que a Estónia assinala o centenário da sua independência.

OC

 

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Agência ECCLESIA

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